A sexta sessão da Assembleia Ambiental das Nações Unidas (UNEA-6), corpo decisório ambiental mais influente do mundo, foi inaugurada recentemente na capital do Quênia, Nairobi, sob a presença marcante de governos, grupos da sociedade civil, cientistas e o setor privado. A reunião bienal acata a missão crítica de delinear estratégias multilaterais para enfrentar desafios ambientais prementes do planeta, como as mudanças climáticas, poluição e a perda da biodiversidade.
“Ninguém vive isolado. Vivemos no planeta Terra, e estamos todos conectados”, expressou Inger Andersen, diretora executiva do Programa Ambiental das Nações Unidas (UNEP), responsável pelo processo. O encontro abriga a negociação de 20 propostas de resoluções, abrangendo temas desde a restauração de terras degradadas, combate a tempestades de poeira até a redução do impacto ambiental de mineração de metais e minerais.
Ímpeto significativo foi estabelecido pelas resoluções adotadas previamente, marcados pela criação de um instrumento juridicamente vinculativo para pôr fim à poluição por plásticos, comparável em magnitude ao Acordo de Paris sobre mudanças climáticas. Com as diferenças de prioridades entre países, alcançar um consenso nas propostas apresenta-se como desafio, embora, segundo Andersen, um “movimento adiante” esteja presente em todas as resoluções deste ano.
A União Europeia se posiciona estrategicamente no UNEA-6, pleiteando colaboração em tópicos de economia circular, resiliência hídrica e proteção dos oceanos. “Precisamos de uma mudança radical na nossa relação com o planeta”, disse o Comissário Virginijus Sinkevičius, propondo três resoluções focadas no avanço da economia circular, segurança hídrica e uma agenda global para a proteção dos oceanos.
No horizonte das discussões, encontra-se também a questão dos pesticidas altamente perigosos. Com o apoio da Etiópia e co-patrocínio do Uruguai, uma resolução visa estabelecer uma aliança global de entidades das Nações Unidas, como o UNEP, a Organização Mundial da Saúde e a Organização Internacional do Trabalho, para erradicar o uso desses pesticidas.
Björn Beeler, coordenador internacional para a Rede Internacional de Eliminação de Poluentes, sinaliza a possibilidade de progresso lento nos temas complexos relacionados a substâncias químicas e resíduos, mas também destaca a importância potencial da resolução sobre pesticidas perigosos. Em caso de aprovação, esta marcaria um movimento global sem precedentes contra tais substâncias.
Com a perspectiva de mais de 70 ministros do meio ambiente e 3.000 delegados participando das discussões, a UNEA-6 representa um ponto de inflexão no estabelecimento de ações preventivas contra ameaças ao planeta. O UNEP espera que os tomadores de decisão atuem com visão de futuro, conscientes dos riscos iminentes ao meio ambiente e atuem proativamente para preveni-los.