Proteínas alternativas: a virada sustentável na alimentação europeia até 2050

O horizonte da indústria de proteínas alternativas na Europa revela-se não apenas promissor, mas essencial para o cumprimento de objetivos ambientais e de sustentabilidade. Um estudo realizado pela Green Alliance, entidade britânica de caráter ambiental e de pensamento estratégico, sublinha que até 2050, as proteínas alternativas têm o potencial de substituir cerca de dois terços do consumo de carne e laticínios em dez países europeus – incluindo França, Alemanha, Itália, Espanha, e Reino Unido.

Esta mudança significativa na indústria alimentar está diretamente associada à necessidade urgente de reduzir o uso de terra para a produção animal, considerando os impactos ambientais extremamente nocivos do padrão atual de consumo. Graças a avanços tecnológicos como a fermentação de precisão e a carne cultivada, as proteínas alternativas tornam-se cada vez mais similares aos seus equivalentes animais, tanto em sabor quanto em textura, sem necessidade de uso intensivo de terra.

Os dados apontam para uma economia potencial de 75% no uso de terra estrangeira e, de forma mais impressionante, a liberação de uma área equivalente à França dentro do continente europeu e uma área do tamanho da Espanha que poderia ser poupada globalmente. A conversão deste espaço liberado em zonas destinadas ao armazenamento de carbono baseado na terra, usando árvores e turfeiras, por exemplo, poderia representar uma economia de aproximadamente 21 bilhões de euros por ano para os países em questão.

Para que este cenário promissor se materialize, políticas governamentais favoráveis são essenciais. Iniciativas bem orientadas poderiam maximizar a eficácia do setor de proteínas alternativas e assegurar o uso sábio das terras disponibilizadas. Por outro lado, políticas refratárias, como a proibição da carne cultivada na Itália, podem prejudicar consideravelmente a segurança alimentar no futuro.

Paradoxalmente às vozes que pintam as proteínas alternativas como uma ameaça à agricultura tradicional, evidências sugerem que os agricultores poderiam beneficiar-se da inovação. Além da possibilidade de fornecerem insumos para a produção de proteínas alternativas, uma nova fonte de renda poderia emergir por meio de práticas de sequestro de carbono e restauração ecológica, injetando recursos financeiros nas comunidades rurais, independentemente das variações climáticas.

A Europa, portanto, encontra-se em uma encruzilhada estratégica onde a adoção de proteínas alternativas não só fortaleceria a autonomia de produção do continente, mas também potencializaria a conservação da natureza e o enfrentamento das mudanças climáticas. Cabe aos governos, assim, decidir se desejam participar ativamente desta indústria em crescimento, repleta de oportunidades. Países como Singapura, China e Emirados Árabes Unidos já estão investindo para ampliar suas indústrias de proteínas alternativas – uma pista da urgência que Europeus deveriam perceber em relação ao futuro de seus sistemas alimentares e gerenciamento de terras.


Fonte: https://vegconomist.com/sustainability-environment/alternative-proteins-displace-meat-dairy-consumed-in-europe/

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