Bioeconomia e desenvolvimento climático resiliente na África: caminhos e desafios

A recente conferência sobre bioeconomia realizada no World Agroforestry Centre em Nairóbi, coorganizada pelo Stockholm Environment Institute (SEI) e a Missão do Quênia para o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP), ressaltou o papel vital que a rica biodiversidade da África pode desempenhar no desenvolvimento resistente ao clima. Destacando a sinergia entre soluções climáticas e de biodiversidade, o evento destacou caminhos inovadores que a bioeconomia pode oferecer para o continente e o mundo.

David Obura, presidente da Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos, enfatizou a necessidade urgente de abordar as questões climáticas e de biodiversidade de forma integrada. Ele defendeu uma abordagem equilibrada que otimize os benefícios da natureza sem degradar os ecossistemas. “A bioeconomia baseada em princípios de sustentabilidade total é a solução chave para os desafios futuros e para a prosperidade de longo prazo do continente africano,” afirmou Obura, destacando a dependência das populações africanas em recursos naturais.

A juventude foi colocada como prioritária durante as discussões. Patricia Kombo, Negociadora Jovem da Convenção das Nações Unidas para Combate à Desertificação, enfatizou que o futuro do continente depende de um enfoque intergeracional que assegure o uso sustentável da terra. Ela apelou para políticas que empoderem os jovens com conhecimentos científicos e habilidades empresariais necessárias para sustentar seus meios de vida.

O financiamento foi identificado como um elo vital, porém frequentemente ausente, para a juventude africana. Olufunso Somorin, do Banco Africano de Desenvolvimento, propôs a criação de um Fundo Nacional para a Juventude, governado pelos próprios jovens, para estimular o empreendedorismo e inovações no campo da bioeconomia. Ele ainda mencionou a necessidade de cooperação multilateral para avançar a bioeconomia no continente.

Com as próximas grandes cúpulas globais focando em bioeconomia, como a Cúpula Global de Bioeconomia de 2024, a bioeconomia está no centro das discussões para soluções de resiliência climática e desenvolvimento sustentável. Julius Ecuru, do BioInnovate Africa e do Centro Internacional de Fisiologia e Ecologia dos Insetos (icipe), destacou que a África do Sul está preparada para liderar a Iniciativa de Bioeconomia do G20, enfatizando uma integração da bioeconomia nos quadros de desenvolvimento. Ele exorta os países africanos a se engajarem mais ativamente no Fórum Internacional de Bioeconomia.

A conferência também sinalizou o lançamento iminente do relatório sobre o Estado da Bioeconomia na África Oriental para 2024, que oferece uma visão geral do uso de bio-recursos na região e enfatiza oportunidades emergentes. Isso mostra como a região está aproveitando sua diversidade biológica para criar oportunidades de empreendedorismo.

Os compromissos do Quênia foram reforçados por Gertrude Angote, embaixadora permanente do Quênia na UNEP. O país está integrando a bioeconomia à sua agenda de desenvolvimento nacional, com foco em agricultura sustentável, renováveis, aforestamento e economia circular. A reunião concluiu com a reafirmação de que se deve unir esforços para criar insights práticos e continuar a destacar a bioeconomia nos debates políticos globais até eventos futuros significativos, como a COP16 sobre biodiversidade.


Fonte: https://www.sei.org/features/the-bioeconomy-can-help-climate-resilient-development-in-africa-and-the-world/

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