O filme “Pisar Suavemente na Terra”, recém-lançado e exibido no Greenmotions Film Festival na Alemanha, vai além do entretenimento, tornando-se uma voz poderosa na defesa da Amazônia. Com a narrativa liderada pelo escritor indígena Ailton Krenak, o documentário destaca a resistência e a resiliência dos povos indígenas frente ao avanço de projetos extrativistas e da destruição ambiental.
O longa, dirigido por Marcos Colón, traz à tona a luta diária vivida por essas comunidades, que resistem à perda de suas terras e ao desmantelamento de suas culturas por causa de grandes empreendimentos. Entre esses relatos, destaca-se a história de Tônkyre Akrãtikatêjê (Kátia), cuja luta é herança de quatro décadas de resistência de seu pai, Payaré Akrãtikatêjê, contra a usina hidrelétrica de Tucuruí.
Kátia, a primeira mulher a se tornar cacique de seu povo, os Gavião Akrãtikatêjê, enfrenta não apenas a perda territorial, mas também a batalha cultural contra a assimilação forçada. O filme a acompanha defendendo a autonomia, a conexão com as tradições culturais e a vida na terra, em contraposição ao “dinheiro fácil” oferecido por indenizações de grandes empresas.
No contexto de desafios enfrentados pela comunidade indígena, são abordadas questões como atividades ilícitas e o aumento do narcotráfico, bem como os continuados planos de megaprojetos pelo governo federal, exemplificados pelo projeto da Ferrogrão.
O documentário não somente traz ao palco a luta persistente dos povos indígenas, mas também oferece uma perspectiva ancestral e crítica de Ailton Krenak, que questiona modelos de desenvolvimento sustentável e bioeconomia, que segundo ele, não conseguem se desvincular do modelo econômico capitalista predatório.
Enquanto a narrativa pessoal prevalece, o filme busca engajar sua audiência em uma reflexão sobre as escolhas que determinarão o futuro. Em paralelo, Ailton Krenak aborda a responsabilidade compartilhada pela situação da Amazônia, criticando a postura dos países ricos na gestão global e chamando por uma verdadeira corresponsabilidade no problema.
A expectativa é que “Pisar Suavemente na Terra” esteja disponível em plataformas de streaming no Brasil no primeiro trimestre de 2024, o que promete ampliar o alcance dessas narrativas valiosas e desencadear discussões mais profundas sobre o destino de um dos ecossistemas mais vitais do planeta.