Em uma iniciativa inédita para o enfrentamento dos crescentes desafios climáticos, ministros da Alemanha, Espanha e França em conjunto com Brasil e África do Sul apresentaram uma proposta de implementação de uma taxação global sobre bilionários. Esse imposto patrimonial mínimo teria como alvo os cerca de 3.000 bilionários mundiais, com alíquota mínima de 2%, visando arrecadar recursos para proteção ambiental e combate às desigualdades sociais.
A medida, cunhada pelos ministros financeiros desses países e expressa em um artigo no renomado jornal britânico The Guardian, pretende aumentar o espaço fiscal para investimentos em áreas essenciais como proteção social, educação e, prioritariamente, proteção climática. A urgência dessa cobrança sustenta-se nas habilidades dos bilionários de minimizar sua carga tributária por meio de paraísos fiscais e estruturas intermediárias, efetivamente pagando uma taxa proporcionalmente menor do que o restante da população.
A cooperação internacional e acordos globais foram apontados como fundamentais para a eficácia de tal tributação, e o G20 aparece como o fórum apropriado para essa negociação. Segundo estimativas, o imposto de 2% poderia gerar aproximadamente $250 bilhões anuais em receita fiscal global. Esses valores representariam cerca da metade dos custos anuais resultantes de perdas e danos associados a desastres climáticos extremos.
Aguarda-se com expectativa o desdobramento dessa proposta, que deverá ser discutida tecnicamente pelo G20 em junho, seguindo a preparação conduzida pelo economista francês Gabriel Zucman. Enquanto isso, pesquisa de opinião evidencia forte respaldo público ao plano, que também se alinha com discussões sobre o financiamento dos objetivos climáticos no Acordo Verde Europeu. Apesar da ausência de apoio explícito dos Estados Unidos, o otimismo vem do fato de a nação não ter se posicionado contrariamente à iniciativa.
Os ministros financeiros conclamam outros países a aderir a esta campanha por um sistema tributário mais justo, refletindo a crescente conscientização de que soluções inovadoras como esta são fundamentais para o desenvolvimento de uma economia global mais resiliente e equitativa, capaz de lidar com as adversidades impostas pela crise climática. A discussão está longe de ser concluída, mas a perspectiva é promissora.