O avanço no reconhecimento e combate a espécies exóticas invasoras (EEI) alcançou um novo patamar no Brasil com a divulgação de um estudo inédito pela Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES). O relatório, que contou com a colaboração de diversos especialistas nacionais, revela que o país sofre um prejuízo anual de USD 2 a 3 bilhões devido aos danos provocados por essas espécies. Seu impacto extrapola a área ambiental, afetando também setores como agricultura, saúde pública e turismo.
As EEIs, entre elas plantas como a amendoeira-da-praia e animais como o mexilhão-dourado, chegam ao Brasil principalmente por meio do comércio de animais de estimação e de plantas ornamentais. Uma vez inseridas nos ecossistemas brasileiros, essas espécies prejudicam a biodiversidade e alteram o equilíbrio dos ecossistemas, a exemplo do que acontece com a tilápia e o pínus em ambientes aquáticos e terrestres.
O relatório temático sobre o tema alerta para a extensão territorial do problema e seus efeitos, citando que existem 476 espécies exóticas invasoras registradas no Brasil. Esta problemática se manifesta com maior intensidade em ambientes urbanos e degradados, locais propícios para a proliferação dessas espécies. Áreas urbanas são particularmente vulneráveis devido à alta circulação e ao comércio de bens.
Apesar do Brasil possuir um arcabouço legal e institucional para enfrentar essas ameaças, a implementação efetiva de ações preventivas e de controle parece ser um desafio. A falta de sincronia entre os esforços e a dispersão de medidas são fatores apontados como obstáculos no combate às EEIs. O estudo salienta a necessidade de uma política nacional que consolide as leis existentes e direcione a prevenção, controle e mitigação de impactos relacionados a essas espécies.
Os pesquisadores enfatizam que a gestão dessas espécies necessita de maior atenção, visto que são consideradas uma das cinco maiores causas de perda de biodiversidade. Sugere-se também que a criação e a publicação de listas de EEIs auxiliariam na gestão e planejamento de ações pertinentes. A disseminação de conhecimento sobre as espécies invasoras é essencial para gerar engajamento público e reduzir a resistência às medidas de manejo necessárias. Projetos como o controle de pínus em dunas em Florianópolis e o manejo de braquiária no Parque Nacional da Serra do Cipó são exemplos de iniciativas bem-sucedidas.
Por fim, o documento reitera a importância da agilidade nas decisões quando se trata do manejo de EEIs, reforçando que o tempo é um fator crítico para o sucesso das intervenções, uma vez que o atraso pode intensificar os impactos negativos. Este estudo se apresenta como uma ferramenta valiosa para a tomada de decisão estratégica no campo socioambiental, enfatizando o custo compartilhado dos prejuízos pelas sociedades e a urgência em priorizar as abordagens de prevenção e controle das invasões biológicas.
Fonte: https://www.ecodebate.com.br/2024/03/08/impactos-negativos-de-invasoes-biologicas-no-pais/