O manejo adequado dos resíduos sólidos (RS) emerge como uma das questões ambientais de maior relevância, especialmente considerando os efeitos adversos do descarte inadequado sobre ecossistemas e saúde humana. Práticas sustentáveis que promovam a economia circular, reduzindo a geração de resíduos e potencializando a reciclagem, despontam como soluções essenciais à preservação ambiental. Dentre as tecnologias existentes para o manejo de RS, a biodigestão anaeróbica desperta particular interesse devido a sua capacidade de gerar energias renováveis e mitigar as emissões de gases de efeito estufa (GEE).
Uma recente pesquisa buscou quantificar as implicações do tratamento de RS no contexto da bioeconomia utilizando a Avaliação de Ciclo de Vida (ACV). O estudo avaliou três cenários distintos de gestão de RS em um restaurante do município de São Luís – MA. O cenário atual baseia-se em 48% dos resíduos destinados a aterro, gerando aproximadamente 14.099 toneladas de CO2equivalente por ano. Cenários alternativos incorporaram tratamentos de digestão anaeróbica (DA) e compostagem, demonstrando uma redução expressiva nas emissões para cerca de 3.516 ton CO2eq/ano, refletindo uma significativa mitigação do impacto ambiental.
A análise concluiu que a incorporação da DA e compostagem, no gerenciamento de RS, não só alavanca o paradigma da economia circular, mas também reduz drásticamente as emissões de GEE, reforçando a sustentabilidade do sistema. Além disso, ressalta-se que a digestão anaeróbica possa transformar passivos ambientais em ativos produtivos, como o biogás, alinhando-se aos princípios de sustentabilidade e eficiência energética demandados pelos tempos atuais.
O desafio reside em harmonizar variáveis como custos, espaço disponível e capacidade de tratamento, apontando para a necessidade de planejamentos estratégicos e políticas públicas que incentivem práticas de tratamento e gerenciamento de resíduos que estejam em consonância com os princípios da bioeconomia circular.
O estudo sugere, de forma equilibrada e baseando-se em evidências, alternativas viáveis para a redução da pegada ambiental do manejo de RS e a promoção de uma gestão sustentável compatível com as metas globais de sustentabilidade.
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