Em uma demonstração de potencial para o desenvolvimento sustentável e oferta de alternativas econômicas na Amazônia, a Natura empreendeu na instalação de uma agroindústria em Santo Antônio do Tauá, Pará. Esta planta representa um marco importante, transformando processos de produção local e beneficiando cerca de cem famílias da comunidade de Campo Limpo. Antes da abertura da agroindústria, o ciclo de produção envolvia a venda de plantas como capitiú, estoraque, pataqueira e priprioca para intermediários. Agora, esses materiais são tratados diretamente pela comunidade, com uma projeção de processamento de 150 toneladas anuais.
A implementação dessa agroindústria não é apenas um passo avante para a inclusão produtiva, mas também um estudo de caso nos desafios a serem superados na replicação de modelos similares. Segundo pesquisa realizada na Universidade de São Paulo (USP), para reproduzir tal iniciativa é necessário considerar as características únicas de cada comunidade, que variam desde patrimônios genéticos até peculiaridades no manejo produtivo.
Com investimentos que podem alcançar até R$ 1,5 milhões para o estabelecimento de uma agroindústria básica, a Natura assegura não só a agregação de valor próximo à origem dos insumos, mas também fomenta o comércio ético ao não exigir exclusividade de contratos. Esse investimento compõe parte de um plano estratégico que visa incrementar o uso de ingredientes da sociobiodiversidade amazônica de 42 para 55 até 2030.
Para as famílias envolvidas, os impactos são tangíveis. Estima-se que com a nova forma de processamento, o rendimento bruto cresça 60%, um avanço considerável que implica em significativas mudanças socioeconômicas, incluindo o aumento de empregos. Um dos efeitos mais humanizados desse projeto reside na contenção do êxodo rural, uma questão afligente na região que leva as novas gerações a migrarem em busca de melhores oportunidades.
Ainda, a agroindústria de Campo Limpo vem para fortalecer um movimento crescente no Pará. Já existem exemplos de cooperativas que estão organizando produções de chocolate na Transamazônica e outras agroindústrias focadas em frutas no sul do estado. Sob a perspectiva da bioeconomia amazônica, tais iniciativas são umbilicalmente ligadas a planos do governo estadual, que visam não somente assegurar o desenvolvimento de cadeias produtivas, mas também reforçar a essência da agricultura familiar na construção de um futuro sustentável.