O Departamento de Agricultura dos EUA lança plano ambicioso para bioeconomia

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou recentemente um detalhado plano de ação focado em fortalecer toda a cadeia de suprimentos de biomassa do país. O objetivo é claro: pavimentar o caminho para o crescimento acelerado da bioeconomia, aproveitando ao máximo o enorme potencial da biomassa doméstica.

Desenvolvido por determinação direta do presidente Biden, o plano traça uma estratégia robusta em três frentes principais. Primeiro, investir pesado em pesquisa, desenvolvimento e inovação para fazer decolar as cadeias produtivas de biomassa emergentes. Segundo, construir capacidade e infraestrutura para expandir rapidamente as cadeias já estabelecidas. E terceiro, turbinar o desenvolvimento de mercado para conectar oferta e demanda de biomassa e bioprodutos.

O plano não deixa dúvidas: a biomassa americana é abundante e o país está pronto para liderar essa corrida. Estima-se um potencial de 1,2 bilhão de toneladas até 2040. O desafio é superar gargalos para liberar esse potencial adormecido.

Entre as ações-chave estão: novo inventário aprofundado da disponibilidade de biomassa; pesquisa para otimizar produção e coleta de oleaginosas, resíduos e matérias-primas dedicadas; melhoria da logística e pré-processamento; promoção de práticas agrícolas e florestais climaticamente inteligentes; incentivos para produção de biomassa; e investimentos ambiciosos em infraestrutura, capacitação e educação.

A visão do USDA é de uma bioeconomia pujante e inclusiva. Inovação, produção e processamento de biomassa vão impulsionar novas receitas no campo, criar empregos de qualidade e levar desenvolvimento às comunidades rurais. Serão mais opções de cultivo para os produtores, menor risco e cadeias produtivas resilientes.

Na prática, é uma aposta ousada em um novo modelo de desenvolvimento baseado em recursos renováveis e sustentáveis. O plano promete, ao mesmo tempo, fortalecer a segurança energética e alimentar do país, contribuir para a descarbonização da economia e gerar prosperidade compartilhada.

Se bem-sucedido, esse movimento deve turbinar a participação dos bioprodutos, biocombustíveis e biomateriais avançados no dia a dia de indústrias e consumidores. A expectativa é ver um aumento expressivo tanto da demanda doméstica quanto das exportações de produtos da biomassa americana.

O plano também reconhece os potenciais riscos de um crescimento desenfreado e não sustentável da bioeconomia. Um deles é a pressão sobre os recursos naturais e a biodiversidade, caso a expansão da produção de biomassa ocorra de forma desordenada e sem os cuidados necessários. Outro ponto de atenção é a possível competição por terras e recursos com a produção de alimentos, o que poderia impactar a segurança alimentar e os preços, prejudicando principalmente as populações mais vulneráveis.

Para endereçar essas preocupações, o USDA reforça o compromisso com a sustentabilidade como princípio inegociável da estratégia. O plano prevê uma série de salvaguardas, como o monitoramento constante dos impactos ambientais e socioeconômicos, a priorização de práticas agrícolas regenerativas e de baixo carbono, o uso de terras marginais para cultivos dedicados de biomassa, a integração inteligente com sistemas alimentares, além de políticas de proteção e inclusão para pequenos produtores e comunidades rurais. A ideia é garantir que a bioeconomia cresça em total sinergia com os objetivos de desenvolvimento sustentável e de neutralidade climática.

O caminho está traçado e as fichas estão na mesa. Com visão estratégica, investimentos calibrados e o peso do governo federal, os Estados Unidos querem assumir a dianteira global dessa indústria do futuro. As próximas décadas serão decisivas para construir a bioeconomia do século 21. E o país quer chegar lá antes.

Fonte: Building a Resilient Biomass Supply. Departamento de Agricultura dos EUA. Março de 2024. https://www.usda.gov/sites/default/files/documents/biomass-supply-chain-report.pdf

Compartilhar