O aumento da utilização de produtos biológicos na agricultura, em conjunto com os insumos químicos, foi tema central do 2º Fórum Futuro do Agro. Este evento, fortemente focado em sustentabilidade e inovação, destacou os desafios e as oportunidades no avanço da bioeconomia no setor agrícola. Durante as discussões realizadas em São Paulo, especialistas ressaltaram a necessidade de uma regulamentação específica para o setor, além do acompanhamento técnico detalhado para os produtores.
Regis Damasio, diretor-superintendente da Monteccer e produtor rural, realçou a cautela necessária na adoção dos biológicos, considerando as resistências culturais e a mudança gradativa que requer paciência e prudência. Segundo ele, mesmo com a menor aceitação dos biológicos na cultura de café quando comparado a outras culturas como soja e milho, o manejo integrado de pragas e doenças, incluindo biológicos e químicos, é fundamental.
A pesquisadora da Embrapa Milho e Sorgo, Christiane Abreu de Oliveira Paiva, abordou a revolução representada pela inclusão dos bioinsumos no manejo da produção agrícola, enfatizando a importância da qualidade e da formulação adequada dos produtos. Ela antecipa desenvolvimentos futuros como “cepas e bactérias capazes de tolerar mais os químicos” e que possam ser geneticamente modificadas para alvos mais específicos e eficientes.
Cristiane Delic, líder de negócios da Corteva no Brasil e no Paraguai, reiterou que a tendência não é substituir os produtos químicos, mas sim encontrar um equilíbrio entre eles e os biológicos. Relatou ainda que há um esforço contínuo da indústria em desenvolver moléculas de menor impacto e adaptadas ao uso combinado, assim como capacitar técnicos e representantes para orientar corretamente os produtores.
Por sua vez, Edilene Cambraia, diretora de Sanidade Vegetal e Insumos do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), enfocou na lacuna legislativa específica para os bioinsumos no Brasil. Enquanto uma lei específica é debatida no Congresso, a produção de insumos biológicos pelos próprios agricultores ({i}on farm{/i}) segue limitada a culturas orgânicas e para consumo próprio. Uma regulamentação abrangente neste âmbito é vista como essencial para o avanço do setor.
Em resumo, o evento evidenciou que o futuro da agricultura brasileira está fortemente ligado ao desenvolvimento e integração dos biológicos na prática agrícola. A revolução verde em curso demanda atenção especial quanto a regulação, qualidade dos insumos e uma abordagem informativa e formativa direcionada aos técnicos e produtores para otimizar o uso eficaz e consciente desses produtos na busca continua de uma agricultura sustentável e produtiva.
