Macaúba avança como alternativa sustentável à soja para biodiesel no Brasil

A macaúba, uma palmeira nativa brasileira, vem despontando como potencial substituta da soja na produção de biodiesel. Segundo um recente estudo sobre a viabilidade econômica da macaúba, encomendado pelo WWF-Brasil, a palmeira se configura como uma opção economicamente atrativa e capaz de harmonizar sustentabilidade e segurança alimentar.

A pesquisa, liderada pela doutora em gestão e economia florestal Silvana Ribeiro Nobre, destaca a capacidade da macaúba em gerar ganhos ambientais, especialmente na recuperação de pastagens e áreas degradadas, contribuindo ainda para o aumento da rentabilidade em fazendas pecuárias. Uma das vantagens mais notáveis é que, enquanto são necessários aproximadamente 11 milhões de hectares de soja para produzir a quantidade de biodiesel demandada pelo mercado, com a macaúba, a área necessária seria 81,8% menor.

Produtividade é uma das palavras-chave quando comparada à soja, uma vez que a macaúba pode produzir até 6 mil litros de óleo por hectare, um rendimento significativamente superior aos 500 litros por hectare da soja. O estudo associa essa alta produtividade ao uso da planta em sistemas integrados de cultivo, possibilitando inclusive suprir a dependência de importações de combustíveis fósseis.

Além dos benefícios produtivos, a palmeira também contribui para a melhoria das condições do solo, retenção de água e se mostra adaptável para a vasta área de cerrado no Brasil. Conforme dados do Mapbiomas, as áreas de pastagem com sinais de degradação no país diminuíram de 70% em 2000 para 53% em 2020, indicando um movimento de recuperação dos solos que se alinha à proposta de cultivo da macaúba.

Essa tendência de melhorias nas pastagens reflete uma gradual transformação no panorama rural brasileiro, potencializada pela macaúba que pode ser implantada em sinergia com a pecuária. A doutora Silvana Ribeiro Nobre ressalta que as regiões prioritárias para o plantio da palmeira, como Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás, já demonstram essa direção de integração entre agricultura e pecuária.

Além de favorecer a recuperação do solo, a torta de macaúba, subproduto da extração do óleo, pode ser utilizada como alimento para o gado, o que diminui a dependência de cultivares como milho e farelo de soja. Segundo os pesquisadores, essa perspectiva não apenas alivia a pressão sobre a produção desses insumos, como também fortalece a segurança energética e alimentar do país.

No campo científico, a macaúba já é objeto de estudo detalhado, com mais de 263 artigos científicos mapeados, e conta com três bancos de germoplasma mantidos por universidades e centros de pesquisa no Brasil, colocando o país em vantagem para iniciar o plantio em grande escala. ‘São dez anos de pesquisa séria, a Embrapa e as universidades brasileiras fizeram um excelente trabalho’, conclui a pesquisadora, evidenciando a robustez do conhecimento acumulado e o potencial para avanços práticos na bioeconomia nacional.


Fonte: https://globorural.globo.com/Noticias/Sustentabilidade/noticia/2022/06/macauba-pode-substituir-soja-na-producao-de-biodiesel.html

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