Dados recentes revelam que o Investimento em infraestrutura é uma alternativa viável para compensar os serviços ambientais na Amazônia, especialmente em comunidades envolvidas no extrativismo da castanha-da-amazônia. Este novo enfoque propõe que, além de compensação financeira, melhorias em setores essenciais como energia, transporte, comunicação e saneamento são fundamentais nos territórios onde florestas com castanhais predominam.
Os povos da floresta, apesar de décadas de esforços de desenvolvimento sustentável, ainda enfrentam falta de infraestrutura básica, uma questão destacada em um estudo recente que reúne diversas pesquisas sobre serviços ecossistêmicos e ambientais na região. Este estudo faz parte de uma coleção de livros lançada pela Embrapa, que reconhece o papel vital do agroextrativismo na conservação das florestas, especialmente ao promover a saúde e a regeneração de castanhais.
Pesquisa conduzida na Reserva Extrativista do Rio Cajari indica que áreas afetadas pela agricultura itinerante têm maior regeneração e crescimento de castanheiras, comparado às florestas intactas. Foi observado que, após a abertura e o pousio das áreas, pequenas clareiras favorecem o processo natural de colonização das castanheiras. Esses achados ressaltam a importância de tempos de pousio adequados e controle de fogo, necessários para recuperar a biomassa e evitar emissões de carbono.
A técnica “Castanha na Roça“, promovida pela Embrapa, exemplifica como o manejo integrado pode fortalecer ainda mais os serviços prestados por agroextrativistas, que atuam como guardiões da floresta. Além disso, a participação desses extrativistas na criação e gestão de Unidades de Conservação de Uso Sustentável (UCs), mostra-se crucial na preservação de grandes áreas florestais, que beneficiam milhares de famílias envolvidas na cadeia de valor da castanha.
Em termos de serviços ecossistêmicos, a provisão é a categoria mais destacada dentro dos benefícios oferecidos pelas castanheiras. A castanha é um “superalimento” rico em compostos benéficos, como o selênio, crucial para a saúde humana. Além disso, as castanheiras proporcionam a manutenção da diversidade biológica, regulação climática, conservação do solo e da água, entre outros serviços vitais.
A pesquisa sobre áreas com potencial para o plantio de castanheiras revelou que 48% das áreas examinadas têm alto potencial para plantios destinados ao pagamento por serviços ambientais (PSA). Com base em variáveis topoclimáticas, o estudo sugere que cerca de 20% das áreas alteradas na Amazônia Legal são adequadas para práticas que aumentam o valor econômico e ambiental da região. Assim, a inclusão da castanheira em sistemas agroflorestais pode transformar a Amazônia em uma referência para a política de PSA.
A implementação dessas estratégias de restauração produtiva pode estimular um maior desenvolvimento da bioeconomia na área, fortalecendo a sustentabilidade econômica e social dos territórios amazônicos. Com o apoio de instituições públicas e privadas, essas práticas prometem restaurar passivos ambientais e fortalecer os serviços ecossistêmicos locais.