Em meio à crescente preocupação com o **clima global** e a finitude dos recursos naturais, uma nova corrente de pensamento ganha força: a busca pela desaceleração do crescimento econômico como forma de garantir a sobrevivência do planeta. No centro das discussões está a constatação de que o consumo humano ultrapassa a capacidade de renovação da Terra, marcado pelo simbólico Dia da Sobrecarga da Terra, que ocorreu em 1 de agosto. Esta data sublinha como estamos usando os recursos naturais 1,7 vezes mais rápido do que os ecossistemas podem regenerar.
Em oposição à ideia de crescimento econômico contínuo, ativistas propõem **alternativas sustentáveis** que priorizam o bem-estar da população e a conservação dos ecossistemas. Mary Heath é um exemplo desta revolução silenciosa. Como ativista climática, ela defende um estilo de vida que valorize os recursos ao invés de meramente buscar o lucro. Para quem aposta na desaceleração, equilibrar crescimento populacional e sustentabilidade econômica é necessário para evitar o colapso ambiental.
No entanto, em muitos círculos políticos e econômicos, as taxas de fertilidade em declínio são motivo de alarme. A suposição é de que uma população menor pode prejudicar as economias, ao reduzir a quantidade de contribuintes necessários para sustentar uma população envelhecida. Apesar disso, especialistas como o economista John Quiggin consideram essa preocupação exagerada. Quiggin destaca que o custo de criar crianças excede o de cuidar de idosos. A contribuição dessa força de trabalho nova muitas vezes não se traduz em benefícios econômicos equitativos.
Entre as soluções propostas está a reavaliação do conceito de crescimento econômico. Olivier De Schutter, enviado especial da ONU, argumenta que a busca incessante por crescimento do PIB deve ceder espaço a uma economia de direitos humanos, que prioriza o bem-estar coletivo. Ele defende uma transição para **práticas econômicas** que reduzam a produção desnecessária e potencialmente tóxica, promovendo o respeito aos limites planetários.
A economia produtiva, por outro lado, é frequentemente sustentada pela “economia reprodutiva” não remunerada, realizada majoritariamente por mulheres em lares e comunidades. Reconhecer e valorizar esse trabalho pode ser uma forma de atender às necessidades sociais sem sacrificar o planeta. Também, investidas em tecnologia e inteligência artificial são sugeridas como caminhos para aprimorar a produtividade sem aumentar a exploração dos recursos naturais.
De.Schutter também sugere que o aumento do custo de vida e a preocupação com a sustentabilidade estão levando muitas pessoas a adotarem práticas de consumo mais conscientes. Um exemplo é o movimento “núcleo de subconsumo”, que cresce nas redes sociais, onde indivíduos exibem aquisições de segunda mão e estilos de vida baseados na redução, reutilização e reciclagem como alternativa ao consumismo desenfreado.
Por fim, o equilíbrio entre crescimento populacional e sustentabilidade permanece um tema crítico. Com a população ainda em crescimento e pressionando os já sobrecarregados sistemas naturais, a necessidade de redefinir o que significa prosperidade e como alcançá-la sem comprometer o futuro é um desafio que sociedades ao redor do mundo devem enfrentar coletivamente. Como afirmou Heath em seu ativismo, é preciso normalizar a ideia de que vivemos em uma emergência climática e que não podemos suportar mais este nível de desperdício.