Pesquisadores delineiam o futuro sustentável da Amazônia
Com a ambição de desenvolver a Amazônia de uma maneira sustentável, pesquisadores vinculados ao projeto Amazônia 2030 apresentam uma série de propostas compiladas em um novo livro intitulado “Amazônia 2030 – Bases para o desenvolvimento sustentável“. A coletânea reflete os esforços de mais de 80 pesquisadores e engloba 60 relatórios, objetivando o progresso econômico e humano na região em harmonia com a utilização sustentável dos recursos naturais até 2030.
Para a realização desse plano, identificaram o incentivo à bioeconomia, a participação no mercado de crédito de carbono e o aumento da produtividade da pecuária em áreas já desflorestadas como elementos chave. Um pré-requisito crucial para essas políticas é erradicar o desmatamento e promover um eficiente ordenamento territorial. Na ausência destas medidas, a região poderá enfrentar dificuldades em potencializar sua produtividade e atrair investimentos de qualidade, além de explorar a reparação florestal e outras oportunidades inerentes à conservação ambiental.
A fim de propor soluções mais ajustadas às particularidades da região, o livro segmenta a Amazônia Legal em cinco macrozonas, que incluem áreas florestais, áreas sob pressão de desmatamento, áreas já desmatadas, não florestais, e áreas urbanas.
Entre as propostas para a Amazônia sob pressão e a Amazônia desmatada, destacam-se o combate à grilagem de florestas públicas, assistência técnica e crédito para pequenos agricultores, intensificação da agropecuária com práticas mais eficientes e a restauração florestal focada em nativas. Já para a Amazônia florestal, as sugestões incluem a valorização da bioeconomia, apoio a serviços ecossistêmicos e incentivo ao comércio de produtos regionais, os quais representam um mercado que movimenta mais de US$ 170 bilhões por ano.
O livro frisa, ainda, a necessidade de aprimorar a infraestrutura e serviços, como transporte, energia renovável e internet banda larga, para todos os subsetores da Amazônia, além de implementar Áreas Protegidas.
Para a urbe amazônica, a ênfase reside na melhoria das condições de vida, com investimentos substantivos em saneamento básico, abastecimento de água, internet de qualidade, além de iniciativas para a qualificação profissional dos residentes.
Com a convergência de questões ambientais e sociais exigindo atenção, as iniciativas sugeridas transcendem as divisoras zonais, ressaltando a relevância do mercado de carbono e da criação de áreas protegidas como medidas universais. As ideias são apresentadas como complementares e aplicáveis de acordo com as especificidades de cada área da Amazônia Legal.
Este conjunto de estratégias representa um otimismo cauteloso, como ressalta o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, no prefácio da obra, considerando o caminho desafiador, mas viável para reverter os impactos negativos e garantir um futuro promissor para a região. Assim, o projeto Amazônia 2030 firma-se como um marco de esperança e responsabilidade diante da imperativa transição energética e do compromisso com a sustentabilidade.
Fonte: https://www.estadao.com.br/economia/propostas-pesquisadores-amazonia-bioeconomia-melhora-pecuaria/