Construindo florestas e áreas úmidas como infraestrutura urbana.

A integração de ecossistemas urbanos, como florestas nativas e zonas úmidas, como parte do planejamento urbano está se consolidando como um segmento promissor da bioeconomia circular. Esses habitats projetados não são meras paisagens decorativas, mas infraestruturas vivas que fornecem bens públicos vitais por meio de interações entre solo, plantas e animais, em contraste com o uso intensivo de carbono em aço, vidro e concreto.

A prática interdisciplinar, que é influenciada por princípios de design, ciências sociais e ecologia, sugere novos conceitos para cidades sustentáveis e resilientes. Exemplo disso é o trabalho da empresa Afforest, que está localizada em Bangladesh e utiliza conhecimento ecológico para construir florestas resistentes desde o zero, em lugares onde a vegetação foi eliminada. O processo de plantio é personalizado de acordo com as necessidades dos clientes, que podem variar de complexos corporativos e aeroportos até conjuntos residenciais, visando atingir metas de sustentabilidade corporativa ou incrementar a biodiversidade.

O diferencial no método de plantio da Afforest é o uso da técnica Miyawaki para criação de florestas robustas e autossustentáveis. Essa abordagem começa com um levantamento das espécies nativas locais e, a partir deste inventário, é realizada uma seleção cuidadosa, pensando nas preferências do cliente e nas condições ecológicas específicas do local. As espécies escolhidas possuem sistemas radiculares que permitem a penetração no solo local, promovendo assim a criação de habitats resilientes e sem necessidade de manutenção que se estabelecem rapidamente.

Muito além de jardins, a Turenscape, empresa chinesa de design urbano e vencedora de prêmios, liderada por Kongjian Yu, tem transformado cidades com seus projetos de paisagismo biobase. As implementações dessa empresa criam espaços urbanos esverdeados que funcionam como uma esponja permanente para absorver excesso de água da chuva e limitar inundações. Entre seus trabalhos, destaca-se o Yanweizhou Park, onde foi possível criar uma conexão entre distritos urbanos e o meio natural, sem comprometer o controle de inundações, aliando sustentabilidade e acessibilidade.

Por outro lado, empresas como a holandesa Felixx trabalham numa escala mais experimental. Recentemente, desenvolveram uma nova extensão do Brainport Industries Campus, cercado por reservas naturais, incorporando zonas de conexão para plantas e animais. Em colaboração com o Banco Mundial e a Global Facility for Disaster Reduction and Recovery (GFDRR), a empresa compartilhou um catálogo que fornece orientações sobre soluções baseadas na natureza para resiliência urbana.

A utilização da landscaping biobaseada reflete a adoção de soluções baseadas na natureza como uma estratégia eficaz para problemas urbanos contemporâneos, em especial o agravamento das mudanças climáticas. Esses ecossistemas dinâmicos trazem benefícios como defesas naturais contra inundações, redução de temperatura local, purificação da água e absorção de carbono. Além da adaptação climática, facilitam a mitigação das mudanças climáticas em cidades, que, apesar de ocuparem apenas 3% da terra, consomem entre 60-80% da energia produzida e são responsáveis por 70% das emissões de carbono.

Ambicionar a integração de infraestruturas biobaseadas ao tecido urbano apresenta-se como uma transformação radical, substituindo materiais extraídos da terra por interações ecológicas vivas. Empresas como a Turenscape são exemplo dessa visão ampla, transformando radicalmente cidades em lugares menos dependentes de intervenções isoladas e mais resilientes aos impactos do aquecimento global.


Fonte: https://worldbiomarketinsights.com/building-forests-and-wetlands-as-urban-infrastructure/

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