Florestas diversas possuem um enorme potencial de carbono, desde que reduzamos as emissões

Um estudo de envergadura internacional, liderado pelo Crowther Lab da ETH Zurich, traz descobertas transformadoras acerca do potencial dos diversos ecossistemas florestais na captura de carbono. Na vanguarda de temas prementes relacionados à bioeconomia e à sustentabilidade, a pesquisa aponta que os esforços voltados para a recuperação natural dos florestas poderiam resultado na captura de aproximadamente 226 Gigatoneladas (Gt) de carbono, desde que acompanhados por uma redução concomitante das emissões de gases de efeito estufa.

A descoberta ressalta a força dos ecossistemas florestais na mediação das mudanças climáticas, mas evidencia que apenas a preservação e a restauração das biodiversidades florestais não serão suficientes sem um corte substancial nas emissões globais. Nesse contexto, a salvaguarda de florestas existentes representa 61% do potencial florestal identificado, permitindo que retomem sua maturidade plena. Os 39% restantes estão no fomento à conexão de paisagens florestais fragmentadas, por meio de uma gestão sustentável dos ecossistemas e práticas de restauração comunitária.

De acordo com a análise, a promoção de uma diversidade natural de espécies é crucial para maximizar o potencial de captura de carbono pelas florestas. Esse é um chamado para a implementação de práticas agrícolas, florestais e de restauração sustentáveis que favoreçam a biodiversidade e, como resultado, otimizem a absorção de carbono pelos ecossistemas.

Além da dimensão ambiental, os resultados enfatizam a responsabilidade social inerente às iniciativas de restauração, requerendo um desenvolvimento equitativo impulsionado por políticas que respeitem os direitos das comunidades locais e dos povos indígenas. A abordagem proposta se distingue por uma característica marcadamente social, abarcando ações variadas como conservação, regeneração natural, rewilding, silvicultura, agrofloresta e todos os demais esforços comunitários em prol da biodiversidade.

O estudo, publicado na renomada revista Nature, manifesta-se contra práticas que priorizam o estabelecimento de grandes plantações como uma forma de compensação de carbono – uma estratégia que tem sido criticada por seu potencial greenwashing e impactos ambientais adversos. Em vez disso, sugere-se um redirecionamento do investimento para uma miríade de comunidades locais, populações indígenas e agricultores que promovem a biodiversidade nos cenários globais.

Por fim, destaca-se que a restauração ecológica de florestas não deve incluir a conversão de outros ecossistemas que não comportariam naturalmente bosques. Assim, proteger a biodiversidade natural em todos os ecossistemas – inclusive pastagens, turfeiras e zonas úmidas – é considerado vital para a manutenção da vida no planeta.

A mensagem do estudo é clara: as florestas desempenham um papel essencial, potencialmente contribuindo para 30% da capacidade de diminuição de carbono. No entanto, sua função não pode ser vista como um substituto para a redução imperativa das emissões de combustíveis fósseis. A continuidade do aumento dessas emissões poderá ameaçar severamente as florestas e sua capacidade de sequestro de carbono, ressaltando a urgência de uma ação climática que reconheça e integre a proteção da natureza.


Fonte: https://www.sciencedaily.com/releases/2023/11/231113111644.htm

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