Governo francês busca apaziguar agricultores em meio a protestos e detenções

Na recente onda de protestos que tomou as estradas da França, agricultores clamam por justiça no âmbito da concorrência desleal e pela garantia de remuneração justa. Com manifestações se alastrando por toda a Europa, os protestos intensificaram-se após a prisão de 18 pessoas nas proximidades de Paris. Em um incidente separado na semana passada, tragédia fulminou a vida de mãe e filha no sul da França, vítimas de um acidente gerado por um bloqueio de estrada.

Arnaud Rosseau, presidente da maior união agrícola da França, FNSEA, clama por ‘calma e razão’ diante da crescente indignação. Enquanto isso, o governo francês busca acalmar os ânimos através de concessões, prometendo controles rígidos para alimentos importados, visando estabelecer um cenário de ‘concorrência justa’. O Primeiro-Ministro Gabriel Attal enfatiza a necessidade de uma ‘exceção agrícola francesa’ em contraste às regulamentações aplicadas aos produtos importados.

Um dos focos do descontentamento dos agricultores recai sobre o acordo comercial entre a UE e o Mercosul, o qual levanta preocupações sobre a concorrência de importações que não observam os mesmos padrões regulatórios. Ainda assim, o acordo, em negociação por mais de 20 anos, permanece não implementado, travado por novas exigências ambientais da UE relacionadas ao desmatamento e mudanças climáticas.

Grupos ambientalistas também expressaram oposição ao acordo com o Mercosul, pontuando o impacto climático negativo do aumento na importação de produtos como carne bovina. O governo francês informa que as negociações cessaram, após intervenções do Presidente Macron perante a UE, enquanto a Comissão Europeia indica que o processo negocial ainda está em andamento.

O Primeiro-Ministro Attal também tratou da questão do pagamento justo aos agricultores. Uma legislação devotada a garantir que agricultores obtenham uma parcela justa dos lucros obtidos pelos varejistas sofrerá aplicação mais rigorosa. Exames já estão sendo realizados, e varejistas que estiverem descumprindo as regras enfrentarão multas imediatas.

Ademais, foi prometida assistência emergencial aos viticultores em dificuldades, redução de impostos sobre combustíveis agrícolas e cortes em burocracias ambientais, na tentativa de aquietar as demandas dos agricultores, que continuam com suas manifestações avançando em direção a cidades maiores.

Enquanto a UE decide postergar regulamentações sobre a destinação de terras para a natureza, agricultores colhem uma primeira vitória com o adiamento da introdução de regras sobre terras em pousio até 2025. Essa decisão surge após dificuldades extremas enfrentadas por agricultores diante das mudanças climáticas e eventos de clima extremo, traduzindo-se numa perda significativa de renda anual.

Em meio a essas turbulências, a pressão cresce sobre a UE para amenizar a crescente frustração, com agricultores em tratores cercando Paris e gerando cortinas de lentidão nas rodovias, em um esforço para terem suas vocações atendidas e a sustentabilidade econômica de seu trabalho assegurada.


Fonte: https://www.euronews.com/green/2024/01/31/french-government-attempts-to-calm-farmers-as-protesters-are-arrested-near-paris

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