“Cerrado revela diversas possibilidades de inserção na bioeconomia”

A importância do bioma Cerrado na bioeconomia foi destacada durante o VII Encontro de Pesquisa e Inovação da Embrapa Agroenergia, ocorrido na sede da Embrapa, em Brasília, entre os dias 24 e 26 de outubro. Com potencial a ser explorado no desenvolvimento de tecnologias sustentáveis, o Cerrado é apontado como um pilar da agricultura brasileira e um vetor de inovação.

Segundo o pesquisador Fábio Faleiro, da Embrapa Cerrados, o Cerrado passou de um território outrora considerado improdutivo a líder mundial na produção de grãos em cinco décadas. Ele pontua que a bioeconomia encontra no Cerrado um vasto campo de atuação, tendo uma biodiversidade que proporciona inúmeras matérias-primas para a pesquisa e desenvolvimento de uma agricultura sustentável.

A área de 207 milhões de hectares do bioma comporta um significativo número de propriedades rurais produtoras de itens fundamentais de exportação brasileira, como algodão (86%), sorgo (83%), soja (50%), milho (49%), feijão (43%), cana-de-açúcar (36%) e carne (34%), segundo Faleiro. A multidisciplinaridade está no cerne da bioeconomia, e abrange áreas como biotecnologia, engenharia genética, nanotecnologia e bioinformática, indispensáveis à condução de uma agricultura regenerativa.

Faleiro também enfatiza o papel da ciência e da inovação, que foram cruciais para a transformação do Cerrado em polo agrícola. Ele relembra conquistas como a tropicalização da soja, o avanço na fruticultura, além da correção da acidez e da fertilidade dos solos, que renderam prêmios de reconhecimento internacional. A tecnologia da Bioanálise do Solo e a fixação biológica de nitrogênio na soja são exemplos que promovem economia e benefícios ambientais.

Faleiro alerta que, apesar dos avanços, existe a necessidade de equilíbrio entre as práticas do agronegócio e a preservação dos recursos naturais, e que é fundamental diferenciar a agricultura sustentável de práticas predatórias muitas vezes divulgadas pela mídia.

O desenvolvimento sustentável e a inclusão produtiva também foram tópicos abordados, com a menção a técnicas importantes como a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), o plantio direto e o manejo integrado de pragas, que são chaves para agregar valor à produção nacional.

Outros palestrantes, como Itânia Soares (Embrapa Agroenergia) e Abílio Pacheco (Embrapa Florestas), contribuíram com conhecimentos sobre a produção de biogás e a adoção de sistemas inovadores como ILPF, que visam a produção de carne carbono neutro e o estímulo a ambientes produtivos.

O Etanol de Milho e sua contribuição para a economia circular também foram pauta no evento, com Guilherme Nolasco, da União Nacional do Etanol de Milho (UNEM), ressaltando o crescimento desse segmento no país e seu potencial de contribuir para a transição energética e sustentabilidade.

O setor principal mostra que a pesquisa agropecuária brasileira, com apoio de organizações e instituições como a Embrapa, está alinhada com os mais modernos paradigmas de produção sustentável, e que o Brasil se posiciona, cada vez mais, como um modelo para o agronegócio global.


Fonte: https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/84506555/cerrado-revela-diversas-possibilidades-de-insercao-na-bioeconomia

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