Startup brasileira garante R$ 187 mi do BNDES para reflorestamento na Amazônia e Mata Atlântica

A iniciativa privada assume um papel vital no combate às mudanças climáticas, e a recente operação de crédito fechada pela startup de reflorestamento re.green simboliza um passo significativo nessa jornada. A empresa garantiu um financiamento de expressivos R$ 186,7 milhões junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), valor este destinado a restaurar áreas degradadas na Amazônia e na Mata Atlântica, atingindo assim mais de 12 mil hectares.

Esse financiamento pioneiro advém de duas distintas linhas de crédito do BNDES: R$ 106,7 milhões provenientes do programa Finem (Financiamento a Empreendimentos) e os R$ 80 milhões restantes pertencentes ao Fundo Clima. Este último montante tem um valor simbólico considerável, pois representa o empréstimo inaugural do programa Arco da Restauração, apresentado na COP28, que prevê mobilizar até R$ 1 bilhão para atividades de restauro florestal.

A CFO da re.green, Ana Luiza Squadri, manifestou que o acordo firmado é um marco para o setor e ressalta a validação do modelo de negócios da empresa. A expectativa é que o aval do BNDES sirva de alavanca para outras fontes de recursos, brotando assim um ambiente favorável tanto para a re.green quanto para futuras incursões no emergente mercado do reflorestamento.

O negócio acordado compreende termos de pagamento estendidos, com carência de três anos e prazos de até 15 anos para o retorno do capital do Finem e de até 25 anos para os recursos oriundos do Fundo Clima. Essa disposição reflete a compreensão da necessidade de um capital ‘paciente’, como colocado pela CFO, uma vez que o reflorestamento demanda tempo e não se enquadra nos mecanismos financeiros convencionais.

Fortalecendo a cadeia produtiva, o modelo de negócios da re.green passa pela aquisição de terras degradadas para posterior restauro. Os primeiros retornos financeiros projetam-se com a venda de créditos de carbono e através da exploração de madeiras nativas. A companhia, contudo, não cessa no desenvolvimento de alternativas para efetivar a valorização dos ativos, como a geração de créditos de biodiversidade e a produção de insumos para as indústrias de cosméticos e farmacêuticas.

Em seu breve histórico, a re.green já acumula propriedades totalizando 26 mil hectares e mantém negociações avançadas para a expansão deste patrimônio. O grande desafio, contudo, não é a aquisição de mais terras, mas desenvolver toda a cadeia da restauração florestal, que vai desde a coleta de sementes até o estabelecimento de viveiros distribuídos pelo país.

No viés científico, a startup deseja otimizar a produtividade de árvores nativas para produção de madeiras com interesse econômico, buscando replicar os avanços significativos já alcançados pela indústria de papel e celulose.

Para tornar tangível a sua ambiciosa meta de recuperar 1 milhão de hectares em 15 anos, um investimento estimado entre R$ 8 bilhões e R$ 10 bilhões será necessário. A empresa já realizou uma rodada de investimentos série A que arrecadou R$ 385 milhões, e outras captações por meio de joint-ventures e fundos são projeções futuras. A re.green ainda considera o aporte de bancos de desenvolvimento internacionais uma possível rota para o escalonamento necessário das finanças climáticas.


Fonte: https://capitalreset.uol.com.br/carbono/com-r-187-mi-re-green-estreia-credito-do-bndes-para-reflorestamento/

Compartilhar