Um estudo inovador conduzido pelo projeto Blue Keepers, parte do Pacto Global da ONU no Brasil, revela uma realidade alarmante: estima-se que 2,3 milhões de toneladas de plástico tenham alto risco de chegar ao mar, apenas no Brasil. Essa quantidade representa um sério desafio ambiental, com implicações não só para a biodiversidade marinha, mas também para as comunidades costeiras e a economia global.
A pesquisa usou uma metodologia chamada hotspotting, desenvolvida pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), e destaca que 67% do plástico potencialmente perdido foca-se nas bacias hidrográficas com ‘muito alto’ risco de entrada no oceano. Isso significa que pelo menos 2,3 milhões de toneladas de plástico podem escapar para o oceano anualmente através do Brasil – um reflexo, em parte, de desafios relacionados a gestão de resíduos e infraestrutura de saneamento básico.
Para lidar com essa preocupante situação, o Blue Keepers busca parcerias com as cidades mais críticas na questão do lixo plástico, visando desenvolver estratégias preventivas por meio de parcerias público-privadas. O objetivo é notável: uma redução de 30% no lixo plástico que entra no oceano até 2030.
A coleta de dados é fundamental para o sucesso desta missão. Ela permite uma compreensão mais aprofundada dos padrões de consumo e descarte, bem como da eficiência das atuais práticas de gestão de resíduos. Este conhecimento é crucial para identificar soluções necessárias para cada localidade e promover mudanças sistêmicas nos modelos de produção, consumo e circulação de plásticos.
Os resultados da análise do Blue Keepers mostram que as capitais e grandes cidades têm um papel significativo no potencial de perda de plástico, mas as cidades costeiras se destacam quando se considera o escape de lixo para o mar por habitante. Por isso, é imperativo priorizar ações nestas áreas, assim como na foz do Amazonas, região identificada como de grande relevância.
O estudo brasileiro não só chama a atenção para a dimensão do desafio da poluição marinha, mas também para a importância de medidas eficazes construídas sobre dados sólidos e parcerias estratégicas. Esta é uma crise global, e a Unea 5 foi um passo na direção certa ao concordar com a criação de um instrumento internacional que visa reduzir a poluição do plástico em todos os ambientes.
Tendo como pano de fundo a preocupação internacional com os impactos socioeconômicos e ambientais do lixo marinho, o desafio agora é transformar a preocupação em ação concreta. Com a necessidade urgente de soluções baseadas em informações precisas, o projeto Blue Keepers se posiciona como uma ferramenta vital para fazer a ponte entre conhecimento científico e políticas efetivas.
Fonte: K. Damasio, National Geographic Brasil. “No Brasil, 2,3 milhões de toneladas de plástico têm alto risco de chegar ao mar”.