O Brasil presenciou uma redução significativa nas emissões de gases de efeito estufa em 2022, atingindo uma queda de 8%, conforme indicado pelo recente relatório do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases do Efeito Estufa do Observatório do Clima (SEEG). Este movimento positivo posiciona o país mais próximo da meta de redução traçada para 2025, que é essencial para o atendimento do compromisso assumido no Acordo de Paris.
Importante ressaltar, no entanto, que apesar dessa redução, os níveis atuais ainda representam a terceira maior marca desde 2005, ficando atrás dos anos de 2019 e 2021. Portanto, a conquista atual não pode mascarar a necessidade de continuidade e ampliação dos esforços para combater a crise climática.
A diminuição no desmatamento da Amazônia e um aumento nas chuvas que levou a uma redução no acionamento das termelétricas alimentadas por combustíveis fósseis, estão entre os principais contribuintes para tal feito. Esses dois fatores apontam para a importância das políticas ambientais e o papel significativo das condições climáticas favoráveis.
Contudo, é motivo de preocupação o recorde de aumento nas emissões oriundas da agropecuária, que apresentou um crescimento de 3% em 2022, sendo este o maior índice desde 2003. Este setor, que inclui a digestão dos animais e o manejo dos resíduos agrícolas, é um ponto crítico a ser endereçado com urgência.
O setor de mudanças no uso da terra foi novamente o mais impactante em termos de emissões, mesmo tendo uma redução de 11% no desmatamento da Amazônia, ainda assim, foi responsável por 48% do total nacional. Por outro lado, o setor energético, principalmente beneficiado pelas condições climáticas para geração hidrelétrica, conseguiu uma queda de 5% em sua contribuição para o efeito estufa.
Em relação ao cumprimento das metas futuras, o relatório indica que medidas adicionais de redução são necessárias para alcançar o objetivo estabelecido para 2025, que requer uma diminuição de 49% nas emissões provenientes do desmatamento na região amazônica. Conforme o coordenador do SEEG, David Tsai, o país apresenta espaço para ampliar sua ambição climática e isso deve ser levado a sério para atender ao objetivo do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global.
Essa análise crítica dos dados reflete a complexidade dos desafios que o Brasil enfrenta em sua jornada para combater as alterações climáticas e promover um futuro mais sustentável. Apesar dos avanços, é evidente que ações contínuas e intensificadas são essenciais para garantir o progresso necessário e efetivo no combate ao aquecimento global.