A catastrófe amazônica enfrentada atualmente decorre de uma intensa estiagem, sendo aqui destacada uma reportagem da Agência Envolverde. Este cenário, de acordo com a análise de cientistas, é potencializado pelo fenômeno climático El Niño, que promove o aquecimento anormal das águas do Pacífico Equatorial e, nesta conjuntura, das águas do Atlântico Equatorial. Este último inibe a formação de chuvas que favoreceriam a Amazonas.
O efeito estufa, agravado pelo acúmulo excessivo de gases poluentes, aumenta os impactos destes fenômenos climáticos naturais. Particularmente, em 2023, setembro foi considerado o mês mais quente já registrado, culminando em registros extremamente altos de temperatura em Manaus.
Com a seca avançando, a navegação é prejudicada, isolando cidades e comunidades. A emergência foi declarada em 42 municípios da Amazônia, afetando milhares de pessoas que enfrentam escassez de comida e água potável. Os efeitos desta estiagem estendem-se para a vida aquática, causando a morte de uma grande quantidade de peixes e botos. Os dados apontam que a temperatura das águas do Lago de Tefé (AM) chegou aos 40 graus.
A situação crítica põe em risco o escoamento da produção industrial da Zona Franca de Manaus. Prevê-se que a influência deste El Niño se estenda até 2024, provavelmente comprometendo o próximo ciclo de chuvas. Isso pode desencadear repercussões econômicas significativas, atingindo, por exemplo, as vendas de natal de eletroeletrônicos em outras cidades do país.
A reação dos governantes frente à crise ambiental tem sido inadequada. A crise climática mostra-se um desafio do qual os políticos parecem não dispor de estratégias efetivas para enfrentar.
Destaca-se a situação da BR-319, que liga Porto Velho (RO) a Manaus (AM). Apesar da necessidade da reasfaltagem desta rodovia para facilitar a transição, as licenças de obras estão paradas devido à má gestão de recursos orçamentários. A manipulação para colocar a culpa no Ministério do Meio Ambiente pela situação da estrada é um exemplo de como dirigentes podem tentar distorcer o foco de problemas emergenciais.
Assim, o cenário é alarmante. A falta de visão adequada dos governantes aliada ao aumento dos eventos climáticos extremos acena para crises humanitárias e ambientais ainda piores no futuro. É, portanto, urgente definir e implementar medidas de alívio eficazes e sustentáveis.