Bioeconomia em ascensão: Imperial College London lidera a busca por padrões globais

O crescimento vertiginoso da bioeconomia ganha impulso com um novo desafio em pauta: a criação de padrões globais para a biomanufatura distribuída e a biologia de sistemas. Neste cenário, o Imperial College London não só aponta a urgente necessidade desse avanço, como também participa ativamente na busca por soluções. Trata-se de uma tarefa que conta com a colaboração internacional e que pode definir o futuro do setor, conforme revelado em entrevista conduzida por Paul MacDonald, representando a comunidade do World Bio Market Insights,com o professor Paul Freemont, destacado líder em Biologia Estrutural e Sintética na instituição.

Freemont, que também dirige o London Biofoundry, discutiu a criação de um grupo de trabalho internacional dedicado a estas normas. Para ele, o desenvolvimento de padrões abertos e voluntários é primordial para acelerar o avanço tecnológico e a comercialização de inovações. Isso é especialmente relevante considerando os míseros 35 padrões ISO específicos para biotecnologia em comparação com os 79 existentes somente para os instrumentos odontológicos, destacando uma discrepância que não mais pode ser ignorada.

No esforço de estabelecer diretrizes padronizadas, práticas de laboratório e terminologias comuns, o grupo de trabalho internacional se debruçou sobre dez áreas-chave para o desenvolvimento de padrões e métricas. Entre elas, destacam-se as normatividades em torno de dados, escalonamento de processos, e critérios de avaliação de sustentabilidade especificamente voltados para a biologia de engenharia. Nestas discussões, diferenças regionais foram evidenciadas, refletindo os diversos estados de prontidão tecnológica e marcos regulatórios existentes, além das variações na própria compreensão do conceito de bioeconomia.

O relatório gerado por esta equipe enfatiza a importância simultânea de todas as áreas identificadas, recomendando a consideração de aspectos não técnicos como educação e treinamento para respaldar implementações mais técnicas, como a produção em escala e fabricação distribuída. É um momento crítico para estabelecer uma base sólida que possa elevar o padrão industrial e comercial desta economia emergente. Nichos de mercado como as pequenas e médias empresas (SMEs), especificamente, poderiam colher os maiores benefícios dessas normativas, reduzindo riscos e melhorando taxas de sucesso ao levar produtos inovadores ao mercado.

Com um olhar no futuro, a sustentabilidade é ressaltada como uma questão imprescindível. A Europa já sinaliza, por meio da Comissão Europeia, a conexão intrínseca entre a Estratégia de Bioeconomia e práticas sustentáveis. Produtos e processos bioengenheirados têm potencial imenso para nutrir um futuro mais verde, e a aplicação eficiente de padrões é vista como uma via acelerada para tornar essa visão em realidade. Estabelecendo um sistema comum de avaliação, consumidores poderiam comparar produtos derivados da biologia de engenharia com aqueles que não o são, promovendo uma economia com base na biotecnologia mais transparente e confiável.


Fonte: https://worldbiomarketinsights.com/5-minutes-with-professor-paul-freemont-head-of-structural-synthetic-biology-at-imperial-college-london/

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