A convergência entre Indicação Geográfica (IG) e a bioeconomia amazonense tem mostrado potencial para impulsionar o desenvolvimento regional de forma sustentável, favorecendo a agregação de valor a produtos cultural e territorialmente enraizados. Um estudo exploratório aponta que, apesar dos desafios relacionados à implementação e reconhecimento das IGs, providências institucionais aliadas a ações disruptivas podem ampliar significativamente o alcance mercadológico nesse contexto distintivo.
As IGs são essenciais para a construção de um mercado diferenciado, em especial no Amazonas, onde produtos como o Guaraná-Maués e o Peixe Ornamental do Alto Rio Negro já desfrutam do Selo de IG. No entanto, a complexidade no processo de implementação e regulamentação desses selos exige um olhar cuidadoso para a sustentabilidade econômica e cultural onde a governança regional e a mobilização de recursos territoriais são cruciais.
O sucesso de IGs no Amazonas está vinculado a um trabalho coletivo que envolve o fortalecimento de arranjos institucionais, capacitação e reestruturação de cooperativas. Além disso, estratégias inovadoras e disruptivas são indispensáveis para dar simplicidade, conveniência e acessibilidade aos produtos em um mercado global cada vez mais exigente com a origem e sustentabilidade dos produtos.
No centro dessas estratégias, enxerga-se a digitalização como um mecanismo potencializador, capaz de conectar produtores e consumidores, fomentando uma maior rastreabilidade e confiança no produto. Cabe ressaltar que a colaboração de instituições de pesquisa, políticas públicas e organizações não governamentais são verdadeiros alicerces para o reconhecimento e manutenção das IGs.
Pesquisa recente sinaliza que estruturas colaborativas e adaptativas são necessárias para enfrentar desafios estruturais e de mercado, criando oportunidades significativas para as comunidades locais em termos de geração de renda e sustentabilidade. Uma aproximação institucional entre os conceitos de IG e bioeconomia poderia, portanto, apresentar um caminho para a superação de barreiras e o alcance de nichos de mercado mais amplos.
O estudo sublinha que no âmbito das Indicações Geográficas, apesar da existência de desafios comuns, são as respostas inovadoras e a aplicação de uma visão incorporando o caráter local e sustentável que transformarão o potencial da bioeconomia amazonense em uma realidade econômica pujante e resiliente.
Considera-se que a bioeconomia e IGs são elos estratégicos que podem contribuir significativamente para o modelo de desenvolvimento econômico e social da Amazônia, alavancando a região para uma produção ambiental, cultural e economicamente mais rica e diversificada, com visão de futuro.
Fonte: Geographic indication as a disruptive strategy in the value chains of the Amazon bioeconomy. Link do artigo