O Voivodato da Wielkopolska, na Polônia, passa por um processo de incorporação de princípios da bioeconomia em suas diretrizes e políticas públicas, apesar de ainda não possuir uma estratégia formal própria. Desde 2020, diversos planos regionais começaram a refletir os objetivos da política europeia voltada à sustentabilidade, sinalizando uma convergência crescente com as diretrizes do European Green Deal, a Estratégia “Farm to Fork” e a Economia Circular.
A ausência de uma estratégia específica de bioeconomia não impediu a inclusão do tema em documentos estratégicos como a Estratégia Regional de Inovação RIS 2030, que define “Recursos biológicos e alimentos para consumidores conscientes” como uma de suas especializações inteligentes. A proposta abarca desde produção de bioprodutos até técnicas modernas de agricultura e reaproveitamento de resíduos orgânicos.
Outro ponto de destaque é a iniciativa regional de combate ao desperdício de alimentos. A partir de 2021, o governo local passou a direcionar recursos – cerca de 3 milhões de zlótis – para programas de sensibilização, transporte e armazenamento de excedentes alimentares, apoio a bancos de alimentos e instalação de cozinhas móveis para oficinas de boas práticas alimentares.
Essas ações são complementadas pela atuação do Observatório de Inovação de Wielkopolska, que monitora mudanças tecnológicas e apoia a implementação da Estratégia de Inovação. O observatório atua como plataforma de articulação entre empresas, academia e governo, especialmente nos temas ligados a energias renováveis, biorrecursos e hidrogênio.
A pesquisa aponta que a integração de elementos da bioeconomia na região ocorre majoritariamente via outras estratégias existentes, como proteção ambiental, gestão de resíduos, eficiência energética e neutralidade de carbono. Essas estratégias, elaboradas no pós-2020, são vistas como resposta direta às urgências ambientais e aos compromissos europeus de mitigação do clima.
No entanto, a autora do estudo ressalta que a falta de um plano estruturado limita a capacidade do governo regional de organizar, monitorar e expandir de forma coordenada iniciativas voltadas à bioeconomia. Ela recomenda, entre outras medidas, a criação de indicadores regionais específicos, o fortalecimento da educação sobre bioeconomia e sua inclusão nos currículos, além de simplificação regulatória para facilitar o funcionamento de plantas de biogás e implementação da responsabilidade estendida do produtor.
Wielkopolska possui um contexto propício para avançar no setor de bioeconomia. É uma das regiões polonesas com maior número de instalações de biogás e conta com um setor agroalimentar robusto, fatores que constituem uma base relevante para o desenvolvimento de cadeias de valor sustentáveis. A ausência de barreiras legais e a existência de financiamento disponível são vistas como caminhos para destravar esse potencial.
Por fim, o estudo indica que estratégias regionais são fundamentais para adaptar soluções às especificidades territoriais – ambientais, econômicas e sociais – e que exemplos de outras regiões europeias, como Alemanha e Áustria, podem fornecer modelos úteis para Wielkopolska. A mobilização local, a inclusão social e a transparência no desenvolvimento da bioeconomia são apontadas como requisitos para consolidar um futuro regional sustentável.
