Vigilância ambiental do Cerrado se intensifica com avanços herdados do monitoramento da Amazônia

A mão estendida da tecnologia de monitoramento da Amazônia alcança outros horizontes brasileiros, nutrindo as táticas de vigilância sobre a cobertura vegetal e uso do solo dos biomas irmãos, como Cerrado, Pantanal, Caatinga e Pampa. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o avanço alcançado desde 2018 na autovigilância do Cerrado, mediado pelos sistemas Prodes e Deter, cristaliza-se numa assertiva de práticas para o mapeamento semelhante em outras faixas naturais do território.

Em uma divulgação recente, o Inpe revelou que a área com vegetação suprimida no Cerrado, no ano de 2023, foi de aproximadamente 11.011,70 km² – com um incremento de 3,02% em relação ao ano anterior. Esta informação é essencial quando frisamos que este foi o bioma com a maior área vegetal perdida neste período. Tal acompanhamento é vital para a tomada de ações corretivas e preventivas, e a plataforma de alertas do Deter já vigia o Pantanal desde setembro deste ano, semelhante ao que faz na Amazônia.

Entidades como o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) engajam-se fervorosamente neste contexto, trabalhando em parceria com o Inpe. O Ipam, em especial, trouxe à tona o Sistema de Alerta de Desmatamento (Sad) do Cerrado, dedicado à produção e acompanhamento de dados via satélite europeu Sentinel 2.

Esse caleidoscópio de pesquisas e dados nos leva de volta a 2004, quando uma iniciativa crucial do Ministério do Meio Ambiente (MMA), executada pelo IBGE, delineou o primeiro mapa dos biomas brasileiros, solidificando a estrutura de monitoramentos presentes e futuros. Esta base de dados se tornou um alicerce para que organizações, como a SOS Mata Atlântica e a iniciativa MapBiomas, ampliassem o escrutínio ecológico por meio de satélites, em prol de uma administração mais precisa e sensata de nossos recursos ambientais.

Conquistaram destaque, nestes esforços, a 18ª edição do atlas da Mata Atlântica e o divulgado relatório anual do MapBiomas, filtrando a supressão de vegetação e o uso da terra em esfera nacional. A expertise da UFRGS na questão do Pampa e do Ipam sobre o Cerrado, cimentou ainda mais a eficácia e importância do acompanhamento contínuo dos nossos biomas.

Essa rede de colaborações entre esferas públicas e privadas, alçada pela perícia em sensoriamento remoto, mostra que há uma união inquebrantável e uma visão integrada na preservação da biodiversidade brasileira. A engenharia de dados encontra-se, portanto, como um dos pilares essenciais na manutenção da vitalidade e diversidade da nossa paisagem natural, sustentando uma bioeconomia verdadeiramente consciente.


Fonte: https://revistapesquisa.fapesp.br/monitoramento-da-amazonia-impulsionou-mapeamento-de-outros-biomas/

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