Uma descoberta alarmante foi revelada recentemente, apontando que mais de 1.000 locais classificados como “superemissores” liberaram quantidades significativas de metano, um poderoso gás de efeito estufa, na atmosfera global somente em 2022. Essas emissões majoritariamente provenientes de instalações de petróleo e gás representam um grande perigo e podem ser os precursores de um ponto de inflexão climático devastador. O vazamento de metano mais significativo reportado liberou poluentes em uma taxa equivalente a 67 milhões de carros em funcionamento.
Além disso, foram identificados 55 sítios apelidados de “bombas de metano,” que são locais de extração de combustíveis fósseis onde vazamentos previstos liberariam quantidades de metano comparáveis às emissões totais de gases de efeito estufa dos EUA em 30 anos. Estes vazamentos, intencionais ou não, podem travar a luta para manter o aquecimento global abaixo de 1,5°C e arriscar desencadear irréversíveis efeitos climáticos.
O metano é responsável por 25% do aquecimento global atual e, segundo cientistas, o aumento acentuado de suas emissões desde 2007 pode ser a maior ameaça aos objetivos do Acordo de Paris. Contudo, o combate a essas emissões representa uma maneira rápida e barata de reduzir o aquecimento global, já que o metano tem vida curta na atmosfera. Especialistas argumentam que uma redução de 45% nas emissões de metano até 2030 poderia evitar um aumento de 0,3°C na temperatura global.
Os dados, que relacionam o aquecimento global ao metano, sugerem que intervenções rápidas nas emissões são urgentes. Com base na análise de dados de satélite, os Estados Unidos, Rússia e Turcomenistão foram responsáveis pelo maior número de eventos superemissores registrados em 2022. A Turcomenistão, especificamente, figurou no evento mais expressivo com um vazamento de 427 toneladas de metano por hora.
Esses dados são ainda mais preocupantes quando levamos em consideração o impacto a longo prazo. Mais da metade dos campos de combustíveis fósseis já estão em produção, incluindo as três maiores bombas de metano, todas na América do Norte. A ciência alerta que mesmo uma superação temporária do limite de 1,5°C pode desencadear efeitos climáticos irreversíveis e a mudança climática está à beira de vários pontos de inflexão que podem desencadear mudanças climáticas descontroladas.
Embora a situação seja grave, existe um rastro de otimismo. A proliferação de dados de satélite e o crescimento do ímpeto político para a ação contra o metano dão motivos para esperança cautelosa. O pacto global do metano, que visa cortar as emissões em 30% até 2030, foi endossado por 150 nações, embora países-chave como Rússia, China e Índia ainda não tenham assinado. Cientistas apontam que essa meta é alcançável e enfatizam a necessidade de ação imediata para enfrentar as emissões de metano, principalmente aquelas provenientes de fontes de combustíveis fósseis.
Agora que as autoridades globais estão mais equipadas com dados e promessas políticas, espera-se que os mapas de superemissores sejam significativamente reduzidos nos próximos três anos. A erradicação dessas emissões de metano não só é uma estratégia viável, como também é economicamente vantajosa, uma vez que o gás capturado pode ser comercializado. Medidas rigorosas e ações direcionadas parecem ser as soluções imediatas para essa crise methane-induced climate.