Quanto devemos pagar para preservar a Amazônia?

Momento decisivo para a Amazônia brasileira: Avaliando seu valor e custos para preservação

A contínua destruição da Amazônia brasileira, conhecida como “os pulmões do mundo”, tem acelerado nos últimos sete anos, levando a região a um ponto crucial em que a deflorestação, se não evitada, poderá desencadear um processo de degradação irreversível. Diante disso, surge o questionamento crucial: quanto custaría preservar a riqueza natural da Amazônia?

Atualmente, compromissos financeiros substanciais estão sendo assumidos para proteger a região amazônica, um ecossistema com biodiversidade excecional, que alberga cerca de 300.000 indígenas e desempenha um papel vital na regulação do clima regional e global. A valorização econômica da Amazônia é uma tarefa complexa, mas estimativas conservadoras apontam que ela gera no mínimo US$ 317 bilhões por ano em benefícios ambientais locais e globais. Este valor anual substancialmente excede os US$ 43-98 bilhões associados ao aproveitamento da floresta para atividades como a produção de madeira, pecuária, soja ou mineração.

Para deter efetivamente a deflorestação, seria necessário compensar apenas o valor do uso alternativo da floresta (US$ 43-98 bilhões por ano). Em comparação com o valor global da floresta, este custo representa uma fração que poderia ser viavelmente financiada através de incentivos bem direcionados. Caso se protejam completamente as áreas em risco de desmatamento, estima-se que seriam necessários pagamentos entre US$ 5-10 bilhões, acrescidos dos custos de fiscalização e proteção florestal.

A quantia, embora represente 0.4% do PIB nacional, equivaleria a 6% do PIB das nove estados da Amazônia brasileira, ou até 23% dos seus orçamentos anuais, marcando um impacto econômico significativo para essas regiões. Esforços financiados deveriam se concentrar na promoção de desenvolvimento sustentável, com alternativas de renda que aliviem a pressão sobre a floresta e impulsione tanto a produtividade urbana quanto a agrícola.

Para além dos mercados de carbono, doações como as realizadas pelo Fundo Amazônia, apoiado por países como Noruega e Alemanha, surgem como complementos financeiros relevantes. Estima-se que há uma vontade expressa por parte dos cidadãos de várias localidades do mundo de contribuir financeiramente para a preservação amazônica – com valores que, por exemplo, alcançam US$ 120 milhões por ano entre os brasileiros, US$ 340 milhões entre os estadunidenses e US$ 38 milhões entre os canadenses.

É imperativo que o financiamento seja direcionado eficazmente para as agências de proteção florestal e governança de terras e florestas do Brasil e dos estados amazônicos, a fim de garantir a continuidade de um dos mais importantes biomas do mundo, não só para o Brasil, mas para o equilíbrio ecológico global.


Fonte: https://blogs.worldbank.org/latinamerica/how-much-should-we-pay-preserve-amazon

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