Prioridades nas estratégias de bioeconomia: Uma revisão sistemática da literatura.

Em um estudo sistemático abrangente que destaca a heterogeneidade das estratégias de bioeconomia ao redor do mundo, pesquisadores da Universidade do Oeste da Macedônia investigaram o que está sendo priorizado em políticas diversas, desde a escala nacional até a escala regional. A revisão colocou sob a lupa como países e regiões específicas estão moldando seus planos estratégicos de bioeconomia para trazer soluções sustentáveis e especificamente adequadas às suas particularidades econômicas, geográficas e sociais.

O estudo utilizou a metodologia PRISMA para garantir transparência e sistematização na seleção e análise dos documentos, resultando em 68 publicações que abordam os tópicos priorizados em estratégias de bioeconomia no período de 2013 a 2022. Estratégias, nestes contextos, abrangem desde o uso de recursos biológicos renováveis até inovações em biotecnologia, com o intuito de enfrentar desafios urgentes como segurança alimentar, gestão sustentável de recursos naturais e mudanças climáticas.

A pluraridade de abordagens reflete-se nas prioridades identificadas. Países do centro e do norte da Europa, por exemplo, estão caminhando em direção a um desenvolvimento tecnológico ambientalmente amigável, com ênfase na produção de biomassa e inovação tecnológica. Em contrapartida, nações com forte setor primário veem na bioeconomia uma oportunidade para valorização de seus recursos agrícolas, forestais e organobiomassas.

Observou-se que o debate não está limitado a um único setor, mas abarca uma gama interconectada que vai do campo à indústria, implicando em uma colaboração entre ciência, tecnologia, política e sociedade civil. Além disso, o caráter da bioeconomia como um movimento global ganha destaque, evidenciando a governança global como um mecanismo crucial para implementação e sucesso dessas estratégias. A falta de uma estratégia alinhada e coordenada pode tornar-se um impedimento para a transição para um modelo de bioeconomia eficiente e inclusivo.

Práticas e políticas sustentáveis, passando por uma gestão eficiente de resíduos até o desenvolvimento de mercados para produtos bio-baseados, revelam o vínculo inegável entre a bioeconomia e a necessidade de um desenvolvimento circular e sustentável.

Os autores enfatizam que, embora o estudo traga luz sobre muitos pontos estratégicos, ainda há caminhos a se explorar e particularidades a se entender, especialmente no que tange à educação em bioeconomia para partes interessadas, e na tradução de pesquisa acadêmica para práticas acessíveis ao público em geral. Além disso, a atual crise energética sinaliza para a necessidade urgente de estratégias mais robustas.

O surgimento de modelos de negócios bioeconômicos e clústeres em países como a China postula oportunidades, mas também riscos de exclusão para pequenos produtores regionalmente isolados. Este estudo serve como um recurso crítico para profissionais e planejadores políticos engajados no empreendimento dinâmico que é a bioeconomia, que claramente caminha para estar no centro da inovação e da sustentabilidade global.


Fonte: https://www.mdpi.com/1996-1073/15/19/7258

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