Embrapa e ONU Mulheres firmam aliança para ampliar inclusão feminina no campo e na bioeconomia rural

Embrapa e ONU Mulheres formalizaram uma aliança estratégica com foco na inclusão socioprodutiva de mulheres no meio rural brasileiro. A parceria, oficializada em 16 de abril em Brasília, por meio da assinatura de uma carta de intenções, estabelece diretrizes para o enfrentamento das desigualdades de gênero em territórios rurais. A iniciativa busca integrar o recorte de gênero nas políticas públicas de agricultura, promovendo o acesso igualitário a tecnologias, espaços de liderança e redes de governança.

A agenda conjunta envolve ações voltadas à valorização dos saberes tradicionais, disseminação de tecnologias sustentáveis, fortalecimento das lideranças femininas e promoção da equidade nos sistemas produtivos. Segundo a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, a expectativa é de que a aliança produza resultados concretos e replicáveis em acordos de cooperação internacional, com base na articulação entre ciência e tradição.

Entre os pontos centrais da parceria está a necessidade de que os processos de pesquisa e extensão rural contemplem as necessidades específicas das mulheres. Isso inclui não apenas o meio rural, mas também as mulheres das florestas, das águas, da agricultura periurbana e da ciência. A carta assinada também reconhece o protagonismo de mulheres quilombolas, indígenas e de outras comunidades tradicionais, frequentemente invisibilizadas nas políticas de desenvolvimento rural.

A representante da ONU Mulheres no Brasil, Ana Carolina Querino, destacou a importância de integrar diferentes saberes e parceiros para gerar impacto efetivo na vida das mulheres. “Estamos compartilhando uma visão e valores que impactam diretamente nos direitos e na realidade das mulheres nas áreas rurais, florestais e costeiras”, afirmou.

A Embrapa compromete-se ainda com a capacitação de suas pesquisadoras e com o fortalecimento institucional da perspectiva de gênero em sua programação interna. Ana Euler, diretora de Inovação da empresa, apresentou como exemplo o programa ‘Mulheres Rurais Produtoras de Bem Viver’, apontando que a atual gestão assumiu junto ao Conselho de Administração da instituição o compromisso de estruturar uma linha de ação dedicada ao tema.

A abordagem amplia o foco das intervenções para além dos processos produtivos tradicionais, incluindo aspectos sociais e culturais que influenciam o acesso a recursos e o reconhecimento das mulheres como agentes do desenvolvimento. Isso envolve, por exemplo, o incentivo à participação das mulheres nos arranjos produtivos locais e nas cadeias de valor da bioeconomia rural.

Fernanda Machiavelli, do Ministério do Desenvolvimento Agrário, ressaltou que aproximadamente 950 mil unidades da agricultura familiar brasileira são geridas por mulheres, segundo o censo agropecuário de 2017, número que reforça a urgência do recorte de gênero em políticas públicas. Ela também citou avanços recentes, como o crescimento de mais de 30% nos contratos do grupo B do Pronaf, que contempla mulheres agricultoras.

Cláudia Regina Pinho, representante do Ministério do Meio Ambiente, apontou que o recorte de gênero é um desafio ainda em construção no atendimento às comunidades tradicionais. A carta de intenções visa, então, servir como ferramenta estratégica para consolidar avanços e orientar a formulação de programas e políticas com base em evidências e protagonismo local.

As dirigentes Selma Beltrão e Ana Euler, da Embrapa, definiram o documento como uma “carta de navegação”, destacando o potencial do instrumento para guiar ações coordenadas e efetivas a partir das metodologias já consolidadas pela ONU Mulheres e da expertise técnica da Embrapa.

Após a assinatura do termo, foi realizada uma mesa-redonda para debater as perspectivas de inclusão socioprodutiva de mulheres nas mais diversas esferas — campo, florestas, águas, cidades e ciência — indicando os próximos passos para essa colaboração institucional. O evento marca um passo importante para a construção de políticas interseccionais e sustentáveis no contexto rural brasileiro.

Fonte: Embrapa e ONU Mulheres formalizam aliança voltada à igualdade de gênero no meio rural brasileiro

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