Potencial dos oligonucleotídeos antissense na medicina de precisão

No crescente campo da medicina de precisão, os oligonucleotídeos antissense surgem como uma promissora tecnologia que busca revolucionar o tratamento de diversas doenças. A abordagem, que visa diretamente o RNA dentro das células, apresenta-se como uma alternativa potencialmente mais eficaz e versátil que métodos terapêuticos tradicionais, já que oferece tratamento específico e bem direcionado.

Historicamente, os oligodeoxirribonucleotídeos antissense (ASOs, do inglês Antisense Oligonucleotides) foram descritos pela primeira vez em 1978, mas encontraram dificuldades iniciais em alcançar seu potencial terapêutico integral. No entanto, com avanços em processos de modificação e estabilização, eles têm recebido uma atenção crescente nos últimos anos. O desenvolvimento de técnicas para melhorar a estabilização e a entrega desses compostos tornou possível sua aplicação clínica mais eficiente, destacando-se em áreas como os distúrbios do sistema nervoso central (SNC), oncologia e oftalmologia.

No contexto dos distúrbios do SNC, os oligonucleotídeos antissense apresentaram resultados promissores em estudos pré-clínicos e clínicos. Estudos recentes envolvendo o uso de ASOs para o tratamento de doenças como a doença de Parkinson e a doença de Huntington ilustram os avanços científicos na área. Na doença de Parkinson, por exemplo, pesquisadores conseguiram reduzir a expressão de α-sinucleína — uma proteína associada à morte neuronal — em modelos animais, diminuindo significativamente a inclusão de patologias neuronais. Esta descoberta pode abrir caminho para intervenções mais eficazes em uma condição até então desafiadora.

A entrega eficiente de ASOs ao cérebro tem sido um dos desafios significativos para seu uso em distúrbios do SNC, devido à presença da barreira hematoencefálica. Contudo, avanços biotecnológicos, como os desenvolvidos pela Denali Therapeutics, oferecem soluções inovadoras ao combinar ASOs com plataformas de transporte que permitem a travessia dessa barreira, facilitando a entrega no cérebro e potencializando seu efeito terapêutico.

Em oftalmologia, os ASOs também têm papel significativo, com a degeneração macular relacionada à idade úmida (AMD úmida) e o edema macular diabético como alvos principais. A empresa Isarna Therapeutics, por exemplo, está desenvolvendo um ASO voltado para esses problemas, que busca inibir a via do fator de crescimento transformador beta (TGF-β), crucial no desenvolvimento da patologia.

No setor de oncologia, embora os estudos ainda estejam em estágios iniciais, os ASOs já são considerados alvos promissores para tratar certas formas de câncer. A capacidade de direcionar não apenas o RNA mensageiro tradicional, mas também outras formas de RNA não codificantes, como microRNA, sinaliza um potencial inovador para as terapias contra câncer e oferece novas frentes para superar resistências de tratamentos.

Mesmo com o potencial ainda subexplorado dos ASOs, o mercado começa a ver uma maior adesão de empresas que apostam nessa tecnologia para expandir seu portfólio de tratamentos. A Ionis Pharmaceuticals, por exemplo, mantém uma extensa pipeline que explora indicações variadas, desde doenças neurodegenerativas até condições cardiovasculares, demonstrando o potencial de mercado e as oportunidades para crescimento nesta nova fronteira da biotecnologia.

De acordo com estimativas de mercado, a expectativa é que o setor dos ASOs continue a expandir, alcançando cifras significativas nos próximos anos. À medida que mais entidades investem em pesquisa e desenvolvimento nessa área, os ASOs têm a capacidade de transformar abordagens terapêuticas e proporcionar uma nova classe de medicamentos com efeitos colaterais limitados e mecanismos de ação precisos.


Fonte: https://www.labiotech.eu/in-depth/antisense-oligonucleotides-review/

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