Uma solução inovadora e ecológica para o combate ao mosquito Aedes aegypti, o Biotraps, chega ao Brasil como estratégia promissora contra doenças como Dengue, Chikungunya e Zika. Desenvolvida no Canadá, a armadilha sustentável utiliza material reciclado e biodegradável à base de polpa de papel. Projetada para simular um vaso de plantas, a estrutura deve ser preenchida com água para atrair as fêmeas dos insetos, que ali depositam seus ovos. Este método visa reduzir significativamente a população desses vetores em áreas vulneráveis.
A eficácia do Biotraps foi comprovada em estudos conduzidos na Austrália, Estados Unidos e no próprio Brasil, com resultados impressionantes: mais de 90% dos ovos não prosperam após contato com a água da armadilha. Além do Aedes aegypti, o dispositivo também é eficaz contra os mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes, notórios pela transmissão da Febre Amarela.
Escolhido como o primeiro mercado a receber o Biotraps, o Brasil foi selecionado em razão de fatores como a recorrente incidência de doenças transmitidas por mosquitos e o potencial de impacto positivo em comunidades vulneráveis. Segundo Adil Qawi, co-idealizador do produto, o preço acessível e a facilidade de logística são alguns dos atrativos para o mercado brasileiro. O Biotraps obteve licença para comercialização no país em 2019, emitida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), após testes bem-sucedidos em Itacoatiara, no Amazonas.
Na região metropolitana de Manaus, a instalação de 100 armadilhas em uma área de 12 hectares propiciou a redução de quase 80% da população de mosquitos. Esta eficácia marcou uma diferença crucial comparada a alternativas convencionais. O pesquisador Cristiano Fernandes, da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM), destacou que o Biotraps não apenas limitou a presença de mosquitos, mas também evidenciou impacto positivo no controle dos casos de doenças.
Um dos aspectos diferenciadores do produto é o uso de inseticida encapsulado nas paredes internas do vaso, evitando a dispersão de substâncias químicas no ar e garantindo segurança para populações que incluem pessoas alérgicas e idosos. Cada unidade do Biotraps possui uma vida útil de 30 dias, tornando-o um produto de baixa manutenção e alta durabilidade.
O Biotraps será oficialmente lançado no Brasil durante a Expoprag, evento que acontecerá de 21 a 23 de agosto no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo. Essa feira oferecerá uma plataforma para demonstrar a funcionalidade do produto e firmar parcerias estratégicas. Adil Qawi participará pessoalmente, reforçando seu compromisso em estabelecer colaborações com governos, empresas e o agronegócio brasileiro.
A introdução do Biotraps no Brasil representa um passo significativo na busca por soluções práticas e acessíveis no combate a epidemias de doenças transmitidas por mosquitos. Ao integrar métodos sustentáveis e econômicos, a solução visa transformar o panorama de saúde pública, proporcionando um alívio para comunidades frequentemente assoladas por esses surtos.