O continente africano, com sua vasta biodiversidade e abundantes recursos naturais, apresenta um potencial inestimável para liderar a transição para uma economia baseada em bioenergia, rumo a um modelo circular de bioeconomia. Um estudo recente abordou tal potencial, identificando as fontes de biomassa utilizáveis, incluindo resíduos agrícolas, resíduos florestais e culturas energéticas, como peças chave no avanço de um sistema integrado e sustentável de bioenergia.
O aproveitamento da bioenergia é percebido como uma oportunidade para impulsionar a economia verde, fortalecer a independência energética e contribuir para uma redução marcante na dependência de combustíveis fósseis. No entanto, os desafios para implementar tal sistema são significativos e envolvem políticas regulatórias adequadas, infraestrutura de apoio e acesso ao financiamento. Estratégias políticas e teóricas para a consolidação destes sistemas de bioenergia também foram discutidas, pois são essenciais para catalisar as oportunidades e superar as barreiras neste campo.
Os atuais sistemas de bioenergia no continente, predominantemente tradicionais, dependem substancialmente da biomassa para a produção energética, o que coloca em evidência desafios relativos à sustentabilidade ambiental e à qualidade de vida das populações. A mudança para bioenergia moderna, gerada a partir de recursos de biomassa produzidos de maneira sustentável, apresenta-se como uma alternativa viável para o desenvolvimento rural e a diminuição da pobreza.
No entanto, há a necessidade iminente de um enfoque em políticas energéticas adequadas que garantam escolhas tecnológicas e de infraestrutura conscientes, capazes de suportar um futuro energético inclusivo, sustentável e resiliente para a África. Iniciativas como a promovida em Moçambique, onde agricultores são incentivados a plantar culturas energéticas, já demonstram o potencial econômico e de segurança energética que a bioenergia pode oferecer.
Paralelamente, observa-se na África um padrão de deflorestamento contínuo que, em combinação com o crescente consumo energético, sinaliza um nível insustentável de exploração das florestas, especialmente nas áreas metropolitanas densamente povoadas. Governos têm buscado reduzir os índices de deflorestação, considerando o grande consumo doméstico de lenha para energia. Isso aponta para a necessidade de alternativas sustentáveis de bioenergia.
O conceito da economia circular em bioeconomia, embora teoricamente atraente, ainda carece de dados concretos na África sobre a sua implementação e contribuição para a industrialização. Exige-se um aporte maior em estudos que possam fornecer inventários confiáveis das várias fontes de biomassa e suas características.
Em resumo, a construção de um robusto sistema de bioenergia na África é um objetivo alcançável e uma necessidade estratégica, capaz de propiciar crescimento socioeconômico, mitigar danos ambientais e posicionar o continente como líder global na transição para fontes de energia sustentáveis. Contudo, é necessária uma ampla cooperação regional e global para maximizar o potencial africano em bioenergia e alcançar a expansão e o fortalecimento da capacidade local necessários para impulsionar inovações neste segmento.
Fonte: Building a bioenergy system towards a circular bioeconomy in Africa. Building a bioenergy system towards a circular bioeconomy in Africa