Especialistas debatem o avanço e os desafios da carne cultivada

O futuro da carne cultivada, ou seja, produzida diretamente a partir de células animais em laboratório, tem sido alvo de intensos desenvolvimentos e discussões entre especialistas da bioeconomia. Recentemente, líderes de importantes empresas e instituições deste setor emergente compartilharam suas visões sobre os avanços alcançados, desafios atuais e as expectativas para um futuro próximo, onde esses produtos inovadores poderiam desempenhar um papel significativo na alimentação global.

Em entrevista, Dr. Sandhya Sriram, CEO e Co-fundadora da Shiok Meats, juntamente com Profa. Shulamit Levenberg, do Technion e Aleph Farms, e Dr. Timothy Olsen, da Merck KGaA, discutiram seus trabalhos recentes no campo da carne cultivada. A Shiok Meats se destaca por trabalhar no desenvolvimento de frutos do mar baseados em cultivo celular, como camarão e lagosta, visando trazer produtos saborosos e sustentáveis para o mercado. A Aleph Farms foca na produção de bifes de carne bovina cultivada sem modificar as células animais originais. Já a Merck KGaA está envolvida na oferta de tecnologias e serviços que permitam a produção segura e em escala dessas carnes.

Refletindo sobre os últimos cinco anos, cada liderança apontou realizações significativas de suas equipes. A Shiok Meats destacou a educação do mercado e dos consumidores sobre a agricultura celular, sendo pioneira na região Ásia-Pacífico. A Aleph Farms orgulha-se de ter apresentado o primeiro bife de carne cultivada e espera tornar-se a primeira empresa a vender bifes cultivados aprovados em Singapura e Israel. Enquanto isso, a Merck KGaA construiu relações sólidas com startups e atores-chave do setor para aprimorar suas soluções de mídia de cultura celular, permitindo avanços ágeis para o mercado.

Os desafios para o setor de carne cultivada identificados incluem o custo de produção, escalabilidade, aprovação regulatória e aceitação do consumidor. As estratégias para superar essas barreiras variam entre as empresas, que buscam reduzir custos e obter aprovações regulatórias, construir educação dos consumidores e desenvolver parcerias estratégicas. A Merck, por exemplo, trabalha para oferecer mídias de cultura celular mais acessíveis e regulamentadas, essenciais para o cultivo de carnes em grandes escalas.

Olhando para os próximos cinco anos, os entrevistados concordam: a carne cultivada tem potencial para expandir seu alcance de consumo, deixando de ser um produto de nicho para consumidores abastados e tornando-se mais acessível para uma gama mais ampla de apreciadores de carne. Além disso, tanto carnes à base de plantas quanto carnes cultivadas são vistas não como concorrentes, mas como opções complementares na busca por um sistema alimentar mais sustentável e diversificado.

Fonte: A conversation about cultivated meat. Nat Commun 14, 8331 (2023). https://doi.org/10.1038/s41467-023-43984-8

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