Políticas nacionais devem ser foco para avanço da bioeconomia

Em meio aos desafios globais de desenvolver economias sustentáveis, a necessidade de estratégias nacionais para a bioeconomia tem ganhado destaque como um passo fundamental. De acordo com o executivo da NatureFinance, Simon Zadek, muitos países, embora avançados em suas estratégias de bioeconomia, ainda não conseguiram alinhá-las à agenda de biodiversidade internacional. O movimento recente liderado pelo governo brasileiro no G20, que lançou dez princípios sobre bioeconomia, é visto como um catalisador potencial para que mais países do grupo desenvolvam estratégias relacionadas

Zadek aponta que algumas nações, apesar de possuírem estratégias sofisticadas, ainda não incorporaram esses planos em suas respectivas Estratégias Nacionais de Biodiversidade e Planos de Ação (NBSAPs). Em contrapartida, países como México, Brasil, Índia, China e outros têm mostrado seu comprometimento através de estratégias nacionais e regionais destacadas em um recente relatório do NatureFinance. Há, ainda, uma expectativa de que a ação do Brasil inspire os membros do G20, de modo semelhante ao que ocorreu em 2016 com a presidência chinesa, que catalisou o engajamento em finanças verdes.

Na África, a adesão da União Africana ao G20 pode aumentar o engajamento dos países africanos com essas estratégias, com a África do Sul pronta para promover a bioeconomia durante sua presidência em 2025. Zadek sugere que a África do Sul focará em plataformas de cooperação internacional para ajudar especialmente os países africanos a desenvolverem estratégias mais sofisticadas e executáveis. O financiamento, em particular, deverá ser um ponto focal dessa presidência, especialmente no que tange ao aceleramento da bioeconomia em países de baixa e média renda.

No contexto climático, o COP30, que ocorrerá em Belém, conta com a expectativa de que o Brasil trará a bioeconomia como tema central, ligando suas implicações ao câmbio climático. Simultaneamente, a Colômbia está preparando o terreno para discussões sobre bioeconomia no COP16 de biodiversidade, que acontecerá em Cali.

Contudo, apesar das promessas, a bioeconomia enfrenta desafios significativos, segundo Zadek. A utilização excessiva de biomassa posiciona a bioeconomia também como uma possível parte do problema, especialmente em relação à produção em massa de biocombustíveis, que podem impactar negativamente setores como a indústria alimentícia. Além disso, há preocupações sobre um possível aumento das desigualdades, caso as inovações tecnológicas sejam predominantemente monopolizadas por países ricos, prejudicando nações mais pobres e ricas em biodiversidade.

Zadek reforça a importância dos princípios do G20 como uma estrutura geral de ação, mas destaca a necessidade de soluções éticas mais detalhadas. Com as previsões do Fórum Mundial de Bioeconomia apontando para uma expansão significativa do setor, com valores podendo atingir 30 trilhões de dólares até 2050, essa transição representa não apenas uma oportunidade econômica, mas também um teste crucial para políticas e práticas sustentáveis.


Fonte: https://carbon-pulse.com/326248/

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