Plásticos biológicos: chave para a bioeconomia e a neutralidade climática na Europa

A transição dos combustíveis fósseis para uma bioeconomia baseada em plásticos biológicos pode ser uma chave para atingir os objetivos de neutralidade climática da União Europeia até meados do século. Plásticos com base biológica, embora pouco discutidos dentro da bioeconomia, emergem como uma maneira significativa de reduzir nossa dependência de recursos fósseis. Em um cenário onde 99% dos plásticos são derivados de combustíveis fósseis, é vital explorar alternativas que incluam materiais renováveis, como a biomassa proveniente da silvicultura, agricultura e resíduos.

A descartelização dos plásticos, como é denominado o processo de substituição de insumos fósseis por biológicos, não se trata de mera possibilidade, mas de uma necessidade urgente. No entanto, a indústria enfrenta barreiras significativas, resultantes de falhas de mercado que não integram os impactos ambientais dos plásticos fósseis em seus custos. Além disso, o custo adicional para a produção de material com menor impacto ambiental ainda desincentiva seu desenvolvimento. É nesse contexto que políticas públicas estratégicas são inseridas como cruciais para promover o crescimento desse mercado. Exemplos de sucesso já existem em iniciativas de biocombustíveis que atraíram demanda e investimentos. Aplicando conceitos semelhantes no campo dos plásticos biológicos, especialmente em setores-chave como embalagens e veículos, poderia-se promover inovação, gerar demandas específicas e gradualmente diminuir a dependência de plásticos virgens fósseis.

A bioeconomia foi, durante muito tempo, associada de maneira quase exclusiva aos setores de silvicultura e agricultura – com materiais biológicos vistos como resíduos oriundos de madeira e agricultura. O conceito de plásticos de base biológica, entretanto, permanece frequentemente obscurecido por receios sobre a sustentabilidade das matérias-primas e a disponibilidade de biomassa. No entanto, os fatos desmistificam esses temores: plásticos biológicos representam apenas 0,04% da demanda global de biomassa e, mesmo com um aumento de dez vezes na produção, a pegada de biomassa permaneceria abaixo de 0,5%.

É fundamental, todavia, que o crescimento dos plásticos biológicos ocorra atendendo a altos padrões de sustentabilidade, garantindo a responsabilidade na sua colheita e a consonância com metas ambientais e climáticas, sem comprometer a biodiversidade. Ao integrar os plásticos biológicos na Estratégia de Bioeconomia da UE e estabelecer critérios de sustentabilidade rigorosos, a União Europeia pode liderar o caminho para uma economia sustentável, isenta de combustíveis fósseis.

Adicionalmente, medidas que lidem com os desafios amplos do ciclo final da vida dos plásticos devem ser mantidas, assegurando que nenhum plástico – seja ele reciclado, derivado de fósseis ou biológico – acabe poluindo o meio ambiente. O potencial dos plásticos biológicos não é panaceia para todas as dificuldades ambientais, mas, ao reduzir a dependência de matérias-primas fósseis, certamente representam um avanço significativo no esforço europeu contra as mudanças climáticas.

Empresas como a brasileira Braskem estão na vanguarda desta transição, comprometendo-se com a produção massiva de plásticos biológicos – um movimento alinhado com as exigências e oportunidades do mercado de economia circular. Com a autorização e estímulo de políticas contundentes, a coragem do setor em investir pesadamente nas infraestruturas e tecnologias necessárias será recompensada, impulsionando uma maior presença de materiais reciclados e biológicos no mercado.


Fonte: https://www.euractiv.com/section/agriculture-food/opinion/from-fossil-fuels-to-the-bioeconomy-the-case-for-biobased-plastics/

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