Novas pesquisas sugerem que as plantas podem ser capazes de absorver mais CO2 proveniente das atividades humanas do que era esperado anteriormente.

O mais recente estudo realizado por pesquisadores da Trinity College Dublin, em colaboração com a equipe do Hawkesbury Institute for the Environment da Western Sydney University, trouxe um sopro de otimismo para os debates sobre alterações climáticas. Publicado na revista Science Advances, o artigo científico sugere que as plantas poderiam ter uma capacidade maior de absorver o dióxido de carbono (CO2) resultante de atividades humanas do que se pensava anteriormente.

Esta descoberta está fundada em um avançado modelo ecológico, que ao incorporar processos fisiológicos críticos associados à fotossíntese, previu uma capacidade de absorção de carbono sustentada e robusta pelas plantas até o final do século XXI. Estes processos incluem a eficiência com a qual o CO2 se move pelo interior da folha, os ajustes das plantas às variações de temperatura e a distribuição mais eficiente de nutrientes nas copas das árvores, mecanismos frequentemente desconsiderados pelos modelos globais.

Os modelos mais complexos que levaram em conta o entendimento atual de fisiologia vegetal indicaram um aumento consistente na captação global de carbono pelas vegetações. Dr. Jürgen Knauer, que liderou a pesquisa, destacou que esses mecanismos reforçam um ao outro, produzindo efeitos ainda mais fortes quando combinados, como seria o caso em cenários reais.

Silvia Caldararu, professora assistente na Escola de Ciências Naturais da Trinity College, ressaltou que os achados adquirem relevância especial uma vez que a maioria dos modelos atuais provavelmente subestima os efeitos das mudanças climáticas na vegetação, como também a resiliência desta frente às mudanças climáticas. A pesquisa aborda implicações expressivas para soluções baseadas na natureza, como reflorestamento e aflorestamento, e a quantidade de carbono que tais iniciativas podem absorver, sugerindo um impacto maior e mais duradouro no combate às mudanças climáticas do que o anteriormente esperado.

No entanto, mesmo diante desses resultados promissores, os cientistas responsáveis pelo estudo são enfáticos ao advertir que a descoberta não deve ser vista como um passe livre para reduzir os esforços em diminuir as emissões de carbono. Caldararu reafirma a necessidade imperativa de cortar emissões em todos os setores, afirmando que o plantio de árvores, embora benéfico, não é a solução mágica para os problemas climáticos enfrentados atualmente pela humanidade.

Se confirmados na prática, estes achados poderão ter um impacto significativo na forma como encaramos a mitigação das mudanças climáticas, reforçando o valor da conservação de vegetações e promovendo políticas mais informadas e efetivas relacionadas à bioeconomia e esforços de sustentabilidade.


Fonte: https://phys.org/news/2023-11-absorb-co2-human-previously.html

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