Em uma análise das recentes decisões financeiras da Noruega, percebe-se um contraste gritante entre seu apoio declarado ao meio ambiente e suas ações no setor de energia fóssil. A Noruega, que se posiciona como líder em políticas ambientais, revela uma realidade preocupante quando examinamos os números por trás de suas ações.
Por um lado, o trilionário fundo soberano norueguês registrou um ganho de 131 bilhões de euros no primeiro semestre de 2023, demonstrando a impressionante saúde econômica do país. Esse crescimento, de alguma forma, mascara a realidade das decisões de investimento do país, particularmente no que diz respeito ao meio ambiente. [1]
Em um gesto positivo, a Noruega anunciou a retomada das contribuições ao Fundo Amazônia com uma doação de 50 milhões de dólares, após uma redução significativa no desmatamento no Brasil. [2] No entanto, esse valor é minúsculo quando comparado aos 18 bilhões de dólares alocados para investimentos em petróleo e gás fóssil. [3] A disparidade é notável: os investimentos em combustíveis fósseis são cerca de 360 vezes maiores que o valor doado ao Fundo Amazônia.
Esta acentuada diferença nos valores investidos revela uma realidade incômoda: a doação ao Fundo Amazônia, embora simbolicamente importante, pálida diante dos bilionários investimentos em fontes de energia altamente poluentes. Esse contraste levanta sérias dúvidas sobre as intenções ambientais da Noruega e sugere uma estratégia de greenwashing: uma ação ambientalmente positiva para desviar a atenção de práticas prejudiciais ao meio ambiente.
O caso da Noruega é um lembrete crítico de que as nações devem ser avaliadas não apenas por suas declarações e doações ambientais, mas também pelo impacto total de suas políticas e investimentos. A questão é clara: a Noruega está realmente comprometida com a sustentabilidade ambiental ou está utilizando doações menores como uma cortina de fumaça para encobrir investimentos maciços em indústrias prejudiciais ao meio ambiente?
Referências:
[1] Fundo Soberano da Noruega tem ganho de EUR 131 bi no 1º semestre.
[2] Noruega retoma contribuições ao Fundo Amazônia com doação de $50 milhões após queda no desmatamento
[3] Noruega aprova investimentos de mais de US$ 18 bilhões em petróleo e gás fóssil
