As recentes mudanças climáticas decorrentes de ações humanas representam uma ameaça direta e intensa ao equilíbrio global, impactando vários ecossistemas e bilhões de vidas pelo mundo. Apesar do empenho para a redução de riscos, a realidade é que a situação climática atual está afetando especialmente indivíduos e ecossistemas mais vulneráveis, de acordo com o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).
Hoesung Lee, presidente do IPCC, nota que o relatório funciona como um alarme grave sobre as consequências da inatividade diante dessa situação de emergência. A mudança climática se configura como uma ameaça séria e contínua ao bem-estar humano e à saúde do nosso planeta. As ações que tomamos atualmente são fundamentais para determinar como pessoas e natureza responderão aos desafios climáticos futuros.
Ressalta-se que o mundo deve inevitavelmente encarar inúmeros riscos climáticos nas próximas duas décadas, já que a expectativa é a de que o aquecimento global alcance 1,5°C (2,7°F). Mesmo um pequeno excedente temporário desse índice poderia culminar em impactos severos e possivelmente irreversíveis. Infraestruturas e assentamentos costeiros de baixa altitude seriam altamente afetados.
Considerando esses desafios, o IPCC chama a atenção para a necessidade de ações climáticas urgentes. O aumento das ondas de calor, secas, inundações e outros extremos climáticos estão sobrecarregando os limites de tolerância da fauna e da flora, encadeando uma série de impactos que se tornam cada vez mais difíceis de administrar. Milhões de pessoas já foram expostas à insegurança alimentar e hídrica aguda, especialmente em regiões como a África, Ásia, América Central e do Sul, além de pequenas ilhas e áreas polares.
O relatório sublinha a urgência de se agir agora para prevenir a perda crescente de vidas, biodiversidade e infraestruturas. Para tanto, é necessário adotar uma abordagem ambiciosa, acelerada e adaptada às mudanças climáticas, sem esquecer a importância de cortes profundos e velozes nas emissões de gases de efeito estufa. Ainda que exista progresso em adaptação, ele é desigual e as lacunas entre as medidas tomadas e aquelas realmente necessárias para enfrentar riscos crescentes se ampliam, especialmente nas populações de baixa renda.
Na ânsia de adaptar-se à realidade de um clima em mudança, existem opções viáveis. O relatório fornece algumas perspectivas sobre o potencial da natureza para não somente reduzir riscos climáticos, mas também melhorar a qualidade de vida das pessoas. O documento é enfático ao apontar que uma atuação conjunta com foco na equidade e na justiça é a mais efetiva. A adaptação às mudanças climáticas e a redução das emissões tornam-se mais eficazes quando se tem financiamento adequado, transferência de tecnologia, comprometimento político e parcerias.
Portanto, nota-se que diante do papel crucial das ações na mitigação e adaptação às mudanças climáticas, interações entre indivíduos, governos, setores privados e a sociedade civil são simultaneamente urgentes e necessárias. Uma ação coletiva pautada no conhecimento científico, tecnológico, indígena e local fará toda a diferença diante dos próximos desafios.
Fonte: https://www.ecodebate.com.br/2023/10/17/mudanca-climatica-ameaca-a-vida-de-bilhoes-de-pessoas/