Geração eólica ultrapassa termelétrica fóssil.

A geração eólica supera a termelétrica fóssil, uma mudança alimentada pela expansão de fontes de energia renováveis e condições climáticas favoráveis à geração hidrelétrica. Uma análise feita pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema) mostra que as 72 usinas termelétricas fósseis conectadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN) emitiram 19,5 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO2e) em 2022, reduzindo a emissão de carbono em comparação às cifras de anos anteriores.

Apesar desse progresso animador, a tendência em longo prazo é de aumento de emissões por usinas fósseis. A geração termelétrica contribuiu com 31,1 TWh em 2022, uma queda significante de 67% do valor registrado em 2021 (95,7 TWh). Contudo, a demanda nacional por energia elétrica cresceu 3% de 2021 para 2022.

No cenário de diminuição expressiva na geração fóssil e em favor das fontes renováveis, a geração eólica superou a termelétrica fóssil pela primeira vez e a geração de energia solar teve um aumento de 80% em relação ao ano de 2021. A produção de energia a partir das usinas termelétricas a gás natural foi a maior, totalizando 23,3 TWh (ou 75% do total inventariado). Em contrapartida, a geração de eletricidade fóssil a partir do carvão mineral representou 22% da produção.

O estudo também destaca que apenas quatro empresas são responsáveis por quase 75% das emissões de carbono em 2022. Entre elas estão a Petrobras (22%), Eletrobras (21%), Fram Capital Energy (20%) e Eneva (11%). Notavelmente, a Petrobras gera uma grande quantidade de energia elétrica fóssil, mas sua taxa de emissão é menor do que a média das empresas analisadas, devido à eficiência das tecnologias empregadas em suas termelétricas.

O setor energético enfrenta desafios significativos para sua descarbonização e melhoramento da qualidade do ar no Brasil, especialmente à luz dos novos projetos termelétricos que estão sendo considerados para implementação. A geração termelétrica contribui significativamente para o encarecimento das contas de eletricidade e para os problemas ambientais, como estresse hídrico e competição com fontes renováveis.

Embora a elevada participação fóssil em 2021 e sua queda subsequente em 2022 possam ser consideradas atípicas, há um aumento consistente na utilização de termeletricidade fóssil ao longo dos anos. Isso resultou numa elevação de 113% nas emissões de gases de efeito estufa do setor elétrico brasileiro de 2000 a 2020, segundo o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG) do Observatório do Clima.

Portanto, a superação da geração termelétrica fóssil pela eólica é um passo significativo na transição do Brasil para fontes de energia mais limpas e renováveis, mas políticas eficazes e investimentos adequados ainda são necessários para avançar em direção à neutralidade do carbono e mitigar os impactos da mudança climática.


Fonte: https://pagina22.com.br/2023/10/19/geracao-eolica-ultrapassa-termeletrica-fossil/

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