A indústria de perfumes experimenta uma tendência sustentável promissora com a ascensão dos perfumes reciclados, engajando-se na busca por alternativas de zero desperdício. Esse movimento não é apenas uma modalidade de negócio intrigante para os consumidores, mas também um passo em direção ao futuro do setor de fragrâncias.
O método de produção de fragrâncias evoluiu significativamente ao longo do tempo. Desde as civilizações mesopotâmicas e egípcias que utilizavam ingredientes naturais como ervas, especiarias e mel, houve uma revolução no final do século 19 com a síntese de moléculas de aroma, transformando a indústria. Apesar dessa mudança, ingredientes naturais como pétalas, madeira, ervas e especiarias ainda são apreciados por marcas e consumidores. No entanto, a questão do desperdício tornou-se um problema, com a indústria estimada em gerar 92 milhões de toneladas de resíduos anualmente, incluindo o que é descartado durante a produção de perfumes e os 120 milhões de toneladas gerados pela produção de frutas cítricas.
Em comparação com as práticas anteriores, as marcas de beleza estão inovando no conceito de embalagens sustentáveis, adotando materiais reciclados e regenerativos e investindo em garrafas recarregáveis. Esse conceito é extremamente popular na Europa, particularmente na França, onde, segundo The NPD Group, as vendas de embalagens recarregáveis aumentaram em 56% em um ano.
Além da embalagem, a upcycling é uma técnica que visa utilizar de forma eficiente os materiais que seriam desconsiderados como lixo, algo já explorado em diversas indústrias, especialmente a têxtil. Transferindo o conceito para a indústria de fragrâncias, as marcas começam a ver o valor agregado dos resíduos ao criar produtos com notas olfativas mais complexas e intensas por meio do aproveitamento de subprodutos do processo de fabricação, como aparas de madeira e polpa cítrica.
No entanto, mesmo diante do interesse crescente por produtos de beleza mais sustentáveis pelos consumidores, especialmente das gerações Z e Millennials, que favorecem marcas eco-friendly, a upcycling de perfumes enfrenta desafios. Por um lado, o investimento nas tecnologias e processos necessários é considerável, requerendo um compromisso significativo das marcas com a sustentabilidade. Por outro lado, existe o risco de greenwashing, onde a falta de regulamentação permite que algumas marcas promovam seus perfumes como “reciclados”, apesar de, muitas vezes, apenas um ingrediente seguir esse critério.
Para que os perfumes reciclados dominem o mercado, será necessário um rigoroso sistema de regulamentação para evitar afirmações enganosas e confirmar o verdadeiro comprometimento das marcas com um futuro sustentável. À medida que a preocupação com o greenwashing aumenta, esse será um indicador do nível de seriedade com que as marcas encaram a sustentabilidade em suas estratégias empresariais.
Fonte: https://luxiders.com/upcycled-fragrances-standing-the-test-of-time/