O Festival de Investimentos de Impacto e Negócios Sustentáveis na Amazônia (Fiinsa) completou sua terceira edição, consolidando-se como um ponto de encontro central para atores do ecossistema que buscam fomentar uma nova economia regional. Com um expressivo aumento de participantes comparado à primeira edição, o evento se firmou como uma plataforma crucial para estimular conexões entre financiadores, investidores, organizações filantrópicas e empreendedores.
Um dos elementos de destaque do Fiinsa é o crescente foco em negócios voltados para a sociobiodiversidade amazônica, visto como chave para promover a valorização da floresta e para oferecer alternativas econômicas sustentáveis às práticas predatórias que ameaçam a região. Este ano, o evento trouxe à tona debates sobre a necessidade de transformar análises teóricas pré-existentes em ações práticas, sublinhando a urgência de intensificar o financiamento na ponta.
A diversidade dos participantes também foi marca registrada da última edição, refletindo uma expansão do interesse por investimentos na Amazônia. Juliana Teles, cofundadora do Impact Hub Manaus, ressaltou o equilíbrio presente entre os perfis dos participantes, mostrando um aumento significativo na presença de empreendedores locais.
Por outro lado, dificuldades em estruturar um pipeline robusto de negócios de impacto na região persistem. Mariano Cenamo, diretor do Idesam, destacou a importância de o setor de investimento adaptar suas estratégias para lidar com as especificidades amazônicas, como a demanda por investimentos mais pesados e de longo prazo, em contraste com as expectativas rápidas de retorno dos investidores tradicionais.
Com isso, surgem inovações em mecanismos de financiamento. Organizações como o Fundo Vale estão testando novos arranjos de blended finance para apoiar o ecossistema, exemplificando a necessidade de abordagens colaborativas que suportem desde a ideação até a maturidade dos negócios.
Empreendimentos notáveis surgem, como o Ateliê Derequine e a Cacauaré, liderados por comunidades indígenas, que representam não apenas inovações empresariais mas, acima de tudo, um sinal de que a Amazônia está engajada em colocar seu patrimônio natural em primeiro plano, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social da região.
Além disso, constata-se um esforço significativo na adaptação de iniciativas pré-existentes para atender melhor às necessidades locais. A associação Assobio, por exemplo, se mobiliza para garantir benefícios econômicos tangíveis aos negócios membros à medida que se preparam para participar de conferências mundiais como a COP 29.
O caminho está traçado, mas a jornada ainda não se completou. Desafios permanecem no alinhamento de expectativas entre investidores e empreendedores amazônicos. Contudo, as discussões iniciadas no Fiinsa indicam que a raiz para um avanço sustentável e colaborativo já está em movimento.
Fonte: https://pagina22.com.br/2024/11/11/negocios-de-impacto-na-amazonia-onde-fazer-fala-mais-alto/