A cidade de Belém, capital do estado do Pará, é um verdadeiro oásis gastronômico onde os sabores únicos da Amazônia brasileira se revelam em pratos doces, salgados e viciantes feitos com ingredientes frescos e autênticos da região. Mergulhando nesse reino culinário secreto, um dos destaques é o uso do fruto açaí como acompanhamento salgado para os pratos de peixe e camarão, uma abordagem bastante distinta daquela popularizada por lanchonetes de smoothies ao redor do mundo.
Na Praça Brasil, em Belém, o guaraná da Amazônia, um shake protéico rico em ingredientes como castanha-do-pará, amendoim e um xarope feito de sementes de guaraná, é uma amostra singular da inovação que esses ingredientes regionais podem proporcionar. A feira Ver-o-Peso, icônica por sua incongruência de aromas e produtos da Amazônia, mostra como o açaí é verdadeiramente consumido pelos locais: em sua forma mais natural e menos adocicada, diferentemente do que é costumeiramente consumido fora dessa região.
A cidade, que se prepara para receber milhares de visitantes para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) em 2025, possui um mercado vibrante cheio de peixes amazônicos, frutas e castanhas do Brasil, com experiências gastronômicas aguardando em cada esquina. Em meio a isso, os ingredientes de destaque, como tucupi e jambu, delineiam o paladar único de Belém, embebido na história e tradição culinária local.
O tucupi, suco fermentado da raiz de mandioca, se transforma quando cozido e especiado, ganhando notas agridoces que se conjugam perfeitamente com arroz e peixe. Já o jambu, com sua propriedade anestésica natural, traz um formigamento prazeroso aos lábios e amplifica os gostos. Estes dois ingredientes são verdadeiros pilares do patrimônio gastronômico paraense. Por outro lado, outros pratos como o maniçoba podem dividir opiniões devido ao seu sabor amargo característico.
Diante da rica tabla de iguarias, Belém ainda se destaca pela variedade de frutas exóticas desconhecidas por muitos, disponíveis em sorveterias como a Blaus. O filhote, peixe de carne macia e suave, demonstra sua versatilidade seja em pratos fritos ou guisados com tucupi e jambu, enraizando ainda mais a identidade da cozinha paraense.
Restaurantes como a Casa do Saulo e o Santa Chicória elevam esses ingredientes regionais a níveis gourmet sem perder a acessibilidade ou a essência da cozinha local. Os menus de coquetéis desses estabelecimentos também fazem uso do taperebá, um fruto de sabor tropical que, apesar de encontrado em outras regiões do Brasil e no Caribe, parece ter um sabor único influenciado pelo solo e clima amazônico.
Com a onipresença do tucupi, jambu, açaí e uma infinitude de outros elementos distintos da Amazônia, gastronomia em Belém é menos sobre alimentação e mais uma exploração cultural profunda, intensa e íntima da sua rica biodiversidade e do esplendor culinário que deflagra. Certamente os visitantes e os entusiastas culinários que se aventurarem pelas ruas de Belém encontrão experiências que desafiarão e encantarão seus paladares, revisando e expandindo suas noções de cozinha brasileira.
Fonte: Kugel, Seth. “Travel – Where the Flavors of the Amazon Rainforest Delight.” The New York Times. 28 de novembro de 2023.