Em meio a um panorama global cada vez mais consciente dos impactos ambientais das atividades empresariais, a sustentabilidade ganha destaque na pauta das organizações. Segundo Mathieu Gregori, fundador da ECONOS, consultoria romena líder em questões de sustentabilidade, o primeiro passo para a sustentabilidade é o mapeamento do estado atual da empresa: só é possível aprimorar o que é acompanhado e medido.
Gregori explica que, na última década, a definição de sustentabilidade sofreu substanciais transformações, passando de um termo abrangente – e muitas vezes associado ao greenwashing – para um conceito auditável, com critérios objetivos e KPIs claros. Esse avanço se reflete nas ações da Comissão Europeia, que proibiu o uso de termos enganosos como ‘neutro em carbono/clima’, exigindo das companhias a legitimação de suas afirmações através de ações concretas e transparentes.
O especialista destaca que, para tornar negócios mais sustentáveis, é essencial a mensuração da pegada de carbono e a análise da cadeia de suprimentos, estabelecendo uma linha base que orientará a definição de metas e o desenvolvimento de estratégias de sustentabilidade customizadas. Este processo é comparado por ele a iniciar uma dieta com foco na saúde e não somente no emagrecimento.
Um relatório de 2017 do CDP aponta que 70% das emissões globais de gases de efeito estufa são originárias de apenas 100 empresas, destacando a urgência em concentrar esforços em setores de alta emissão. O setor de energia, conforme a Agência Internacional de Energia, produz mais de três quartos das emissões globais, colocando empresas de petróleo, gás e segmentos relacionados como protagonistas dos esforços para a sustentabilidade. Bancos lideram iniciativas como a Net-Zero Banking Alliance da ONU, reforçando a adoção de critérios ESG na avaliação de clientes.
Quando questionado sobre a viabilidade de transformar grandes corporações em empresas sustentáveis versus a construção de startups com essa proposta desde o início, Gregori aponta que ambas as abordagens apresentam vantagens e desafios, com startups como a ECONOS podendo integrar a sustentabilidade em seu modelo de negócios desde sua concepção, ao passo que grandes corporações possuem influência e recursos para promover mudanças significativas através de orçamentos expressivos e esforços de comunicação.
Entre os projetos de destaque liderados pela ECONOS está o desenvolvimento do Global Carbon Point (GCP), o primeiro rótulo de certificação de pegadas de carbono na Romênia. Este rótulo assegura transparência científica, evitando o uso de termos como ‘neutro em carbono’ ou ‘zero resíduos’ sem a devida comprovação, e é validado por auditorias de terceiros realizadas por um Comitê Científico, com os resultados divulgados em um site público e um aplicativo móvel gratuito.
Novos regulamentos, como SFDR, ESRS e CBAM, estimulam empresas a alinharem seus modelos de negócios para atender novos requisitos fiscais e regulatórios. Gregori também reconhece a necessidade de mais apoio governamental para empresas cumprirem objetivos de sustentabilidade, elogiando iniciativas do Departamento de Desenvolvimento Sustentável da Romênia.
Externalmente, clientes, fornecedores, instituições financeiras, investidores e reguladores são forças-chave impulsionando a agenda da sustentabilidade, especialmente em um contexto de mais rígidas exigências de relatórios e transparência, impactando diretamente a economia.
Finalmente, destacou o trabalho da CSR Nest, ONG que combate problemas ambientais como lixo e descarte ilegal de resíduos na Romênia, como um projeto de sustentabilidade particularmente inspirador.
