A PretaTerra, empresa brasileira especializada em agrofloresta, está ampliando sua atuação no cenário internacional por meio de parcerias estratégicas com gigantes da moda como Armani e Louis Vuitton. A organização, que faz parte da fundação da Circular Bioeconomy Alliance (CBA), está trabalhando em projetos pioneiros de algodão regenerativo na Itália e no Chade.
Com o aumento da consciência ambiental, a indústria têxtil tem sido cada vez mais escrutinada quanto ao seu impacto ecológico. Em reação a isso, grandes grifes como Armani, Burberry e Mulberry firmaram um manifesto visando uma moda mais regenerativa, resiliente e biodiversa, sem recorrer ao desmatamento, e foram acompanhadas pela Circular Bioeconomy Alliance (CBA) na iniciativa.
A PretaTerra foi contratada pela Armani para fomentar esta nova abordagem de moda através da análise e monitoramento das condições ambientais, além do planejamento técnico e financeiro da produção em Rutigliano, Puglia, como parte das primeiras plantações de algodão regenerativo da Europa. Este projeto experimental visa resgatar uma prática cultivada desde o século XII, combinando técnicas agroflorestais e espécies frutíferas como olivas e pêssegos.
Destaca-se a visão da agricultura regenerativa adotada pela PretaTerra, que vai além dos números de espécies cultivadas para considerar o impacto ambiental positivo das práticas, incluindo melhoria da biodiversidade, retenção de água no solo e manutenção do microclima. Segundo Valter Ziantoni, cofundador e CEO da PretaTerra, o objetivo é transformar os métodos tradicionais de agricultura, historicamente degradantes, em sistemas onde a regeneração ocorra naturalmente a cada ciclo.
Já no Chade, o projeto financiado pela LVHM visa adequar a produção de algodão já existente às práticas regenerativas, focando em capacitação de cooperativas de agricultores locais. Ambas ações demonstram a capacidade da PretaTerra de adaptar sua expertise aos mais variados contextos.
A empresa alcançou mais de 200 projetos em cerca de 20 países, com clientes que vão de ONGs a grandes corporações como Natura, Nestlé e Cargill, refletindo o sucesso de suas soluções e abordagens. Os fundadores da PretaTerra, engenheiros florestais, também ressaltam o aspecto financeiro e comercial como fatores decisivos no processo de transição para práticas regenerativas, mencionando que os produtos orgânicos podem custar até 30% a mais para os compradores.
A falta de insumos estruturados e mão de obra qualificada emerge como uma barreira nesse campo inovador, o que motivou a PretaTerra a desenvolver cursos para capacitar profissionais. Esta ação reflete a necessidade de um mercado mais robusto e educado nas práticas regenerativas para atender à crescente demanda por soluções sustentáveis.