Em uma escala global, a diversificação de plantações florestais tem sido indicada como uma solução favorável para incrementar o armazenamento de carbono. Recentemente, uma meta-análise ampla apontou que jovens florestas plantadas mistas são capazes de acumular mais carbono acima do solo do que monoculturas, fortalecendo a ideia de que a biodiversidade florestal é benéfica tanto para o funcionamento do ecossistema quanto para a estabilidade.
O estudo minucioso, baseando-se na revisão sistemática de mais de 11.360 publicações e colhendo dados de uma rede global de experimentos de diversidade de árvores, indica uma média de 70% de estoques de carbono acima do solo em florestas plantadas mistas quando comparado à média de monoculturas. Destaca-se ainda que esse armazenamento é 77% superior ao das monoculturas comerciais e 25% acima das monoculturas de melhor desempenho, embora este último dado não tenha significância estatística.
O rendimento não foi consideravelmente explicado pelos mecanismos potenciais analisados, como a presença versus ausência de fixadores de nitrogênio, origem nativa versus não nativa/mista das espécies, ou experimentos de diversidade de árvores versus plantações florestais. De forma notável, a sobressaída foi maior em misturas de quatro espécies. Esse resultado vem principalmente de florestas jovens e sinaliza que a diversificação é uma estratégia promissora para aumentar a sequestro de carbono das florestas plantadas.
O estudo ressalta ainda a urgência em obter mais dados para reforçar essas descobertas e superar possíveis desafios operacionais e custos associados à diversificação. O incentivo à diversificação de plantações poderia ter um papel chave nas metas de mitigação das mudanças climáticas, conservação da biodiversidade e objetivos de desenvolvimento sustentável, assim como na resistência a perturbações e na provisão de outros serviços ecossistêmicos vitais.
A análise também revelou que, em média, as florestas plantadas mistas superaram a monocultura mais produtiva, apesar de o intervalo de confiança incluir ligeiramente o zero. Neste contexto, a remoção dos outliers mais extremos alterou o intervalo de confiança para este resultado, destacando a necessidade de mais dados para explorar essas tendências.
Esses achados ilustram o potencial das florestas mistas em comparação com as monoculturas no quesito de armazenamento de carbono, apresentando um chamado à ação para uma virada na prática comum de estabelecer plantações como monoculturas. A pesquisa atual é um passo decisivo para a inclusão dessas informações em análises econômicas de diversificação de plantações e estabelece uma base sólida para futuras iniciativas de bioeconomia circular e políticas públicas focadas em sustentabilidade e ESG.
Fonte: https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/ffgc.2023.1226514