Desafios e oportunidades na transformação dos sistemas alimentares globais

Os sistemas alimentares globais enfrentam desafios significativos impulsionados por diversos fatores, como o crescimento populacional, as mudanças climáticas e conflitos geopolíticos. Com a população mundial prevista para atingir 9,7 bilhões até 2050, a pressão sobre os recursos para produzir alimentos seguros, nutritivos e sustentáveis se intensifica. O aumento da demanda global por alimentos é acompanhado pela urbanização e pelos impactos ambientais crescentes, o que torna a sustentabilidade e a resiliência dos sistemas alimentares mais importantes do que nunca.

O futuro da segurança alimentar envolve práticas agrícolas inovadoras, tecnologia de processamento de alimentos e avanços da Indústria 4.0, além de abordagens que redefinem o consumo de alimentos. O uso de proteínas alternativas, tecnologias de processamento de alimentos e a incorporação de alimentos dentro da bioeconomia circular são algumas das transformações fundamentais necessárias para um sistema alimentar resiliente e adaptável.

A produção sustentável de alimentos deve aumentar 70% até 2050, e isso requer uma transformação que vá além do simples aumento de produção. Implica em práticas que incluem a redução da ligação entre renda e consumo de produtos animais, melhorando os modelos agrícolas existentes, investindo em sistemas agrícolas resilientes ao clima e adotando tecnologias digitais. Agrupamentos agroecológicos, como agricultura de precisão, rotatividade de culturas e agroflorestas, são algumas estratégias que promovem uma utilização mais eficiente dos recursos, combatendo a degradação do solo, maximizando o uso de matéria-prima e promovendo práticas colaborativas de produção do campo até a mesa.

Paralelamente, os avanços tecnológicos, como a aplicação de inteligência artificial e sistemas cibernéticos-físicos, estão transformando a produtividade agrícola ao facilitar o monitoramento preciso e a previsão de colheitas, otimizando o uso de recursos e minimizando impactos ambientais. A digitalização das cadeias de suprimento de alimentos também é uma prioridade, reduzindo o desperdício, melhorando a segurança alimentar e aumentando a eficiência em todas as etapas do processo logístico.

Entretanto, a resiliência dos sistemas de alimento não é apenas uma questão de produção. O fornecimento seguro e acessível de alimentos nutritivos e o combate à insegurança alimentar são cruciais, especialmente em tempos de crise. Mitigando os impactos das mudanças climáticas, desenvolve-se uma cadeia de abastecimento alimentar mais resistente às condições climáticas severas que afetam diretamente a segurança e a estabilidade alimentar.

Além disso, a exploração de proteínas alternativas, como as plantas, insetos e algas, como soluções sustentáveis para demandas nutricionais crescentes deve ser considerada. Esses recursos são reconhecidos por suas propriedades ambientais benignas e sua capacidade de diversificar a origem das proteínas alimentares.

No contexto da bioeconomia circular, a valorização de resíduos e subprodutos alimentares em processos de biorrefinaria demonstra potencial não só para a produção de bioenergia sustentável, mas também como uma via para reduzir as emissões de gases de efeito estufa associadas aos aterros sanitários.

Para enfrentar esses desafios e aproveitar as oportunidades, é necessária uma colaboração entre pesquisadores, formuladores de políticas, agricultores e comunidades. Somente com a combinação de práticas agrícolas sustentáveis, avanços biotecnológicos e adaptação a novas realidades de consumo é que poderemos moldar um futuro alimentar que assegure a sustentabilidade ambiental e atenda às necessidades nutricionais de gerações futuras.


Fonte: https://www.mdpi.com/2304-8158/13/4/506

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