A obra Defesa e Segurança nas Fronteiras Amazônicas emerge como um referencial vigoroso para examinar os intrincados desafios estratégicos presentes na região amazônica. Organizada por Tássio Franchi, Marcos Alan Ferreira e Tomaz Esposito Neto, a coletânea oferece uma lente multidisciplinar sobre temas críticos como soberania nacional, ameaças não estatais e crimes ambientais, entre outros, analisados por especialistas de diversas áreas e militares.
Com doze capítulos que abrem espaço para diferentes questões da segurança e defesa da Amazônia, o livro inicia um profundo mergulho nas operações humanitárias com foco na Terra Indígena Yanomami. A resposta do Comando Militar da Amazônia (CMA) à crise sanitária é explorada em detalhe, evidenciando as consequências do garimpo ilegal em saúde ambiental e social e os esforços militares para remediar a situação, como a distribuição de suprimentos e evacuação médica.
A influência das forças armadas na segurança regional é mais profundamente analisada no capítulo sobre os impactos das operações militares em estados como Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima. Entre 2019 e 2023, as ações do CMA são avaliadas através de dados concretos, ressaltando sua eficácia na contenção de ilícitos e na proteção de comunidades. A fundamentação com dados oferece uma base sólida para compreender o papel essencial das operações militares estratégicas na região.
Questões de governança híbrida em áreas indígenas também são cuidadosamente estudadas, especialmente a interação complexa entre interesses de grupos criminosos e atores estatais. Essa abordagem revela camadas cruciais de entendimento sobre os desafios enfrentados pelo Estado na gestão de territórios de acesso complicado, em particular na presença de atividades ilícitas que ameaçam a segurança pública.
Internacionalmente, a obra discute o complexo conflito territorial entre Venezuela e Guiana pelo território do Essequibo e suas implicações diretas na defesa do Brasil. O livro expande o panorama ao investigar o impacto das disputas geopolíticas externas na Amazonia, assim, realçando sua importância estratégica no cenário internacional, um aspecto fundamental para formuladores de política externa.
Ainda, destaca-se a análise sobre a atuação de organizações criminosas em práticas como a pirataria no Rio Solimões, e como a comunicação estratégica se integra no combate ao crime organizado. São destacadas as táticas que essas entidades utilizam ao explorar a fragilidade institucional regional, transformando a Amazônia num campo de conflito não só entre Estados, mas também envolvendo forças criminosas.
Por fim, o livro destina foco ao Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON), documentando sua evolução e seus percalços entre 2012 e 2021. Ao proceder com tal análise, os autores forjam uma compreensão coletiva dos esforços do Brasil para modernizar a segurança na Amazônia. Com dados consistentes e análises pertinentes, Defesa e Segurança nas Fronteiras Amazônicas prova-se um recurso inestimável para acadêmicos, formuladores de políticas e militares, esclarecendo com profundidade desafios e estratégias na governança e defesa da vasta e complexa região amazônica.