Um novo estudo realizado pela Universidade Federal de Viçosa, no Brasil, revelou benefícios significativos do consumo diário de castanha-do-brasil para a saúde intestinal e a redução da inflamação em mulheres com sobrepeso ou obesidade. Esta pesquisa, publicada no The Journal of Nutrition, destacou como esse pequeno hábito alimentar pode influenciar positivamente marcadores de saúde específicos, principalmente devido ao alto teor de selênio presente nas castanhas.
A castanha-do-brasil é conhecida por ser uma das fontes mais ricas de selênio, um mineral essencial que desempenha um papel vital na defesa antioxidante, na função imunológica e no metabolismo dos hormônios da tireoide. Níveis baixos de selênio no sangue estão associados a várias condições inflamatórias e problemas intestinais. O estudo concentrou-se em entender o impacto dessas castanhas na redução da permeabilidade intestinal aumentada, frequentemente chamada de ‘intestino permeável’, condição em que as junções apertadas das células no revestimento dos intestinos enfraquecem, permitindo a entrada de antígenos, toxinas e bactérias na corrente sanguínea.
A pesquisa não randomizada e controlada, realizada entre junho de 2019 e setembro de 2021, incluiu 56 mulheres, das quais 46 terminaram o estudo. As participantes tinham entre 20 e 55 anos, e 82,6% delas apresentavam obesidade. As mulheres foram distribuídas em dois grupos: um grupo controle e outro que consumiu 8 gramas diários de castanhas-do-brasil, macronutrientes distribuídos conforme diretrizes estabelecidas para o manejo da obesidade.
Aos participantes, foi oferecido um cardápio personalizado com uma média de 500 calorias a menos do que suas necessidades diárias estimadas. O grupo que consumia castanhas-do-brasil mostrou aumento nos níveis de selênio e diminuição significativa nos marcadores inflamatórios, incluindo a proteína C-reativa, além de interleucinas ligadas à inflamação. Esses resultados sugerem uma melhora na inflamação sistêmica e na saúde intestinal em comparação ao grupo controle.
O selênio, presente na dieta da castanha-do-brasil, parece ter correlacionado com a redução dos níveis de citocinas inflamatórias e melhora da permeabilidade intestinal, fator que pode ser fundamental para uma absorção mais completa de nutrientes digeridos.
No entanto, é importante destacar que o estudo apresentou limitações, como o tamanho reduzido da amostra e a curta duração de oito semanas. Além disso, a adesão à dieta foi monitorada principalmente através de auto-relatos, o que pode introduzir erros. A amostra foi limitada a mulheres jovens e de meia-idade do Brasil, levantando a questão sobre a generalização dos resultados para outros grupos populacionais.
A investigação resultou em recomendações para um consumo controlado de castanhas-do-brasil, devido ao risco de toxicidade por selênio quando consumidas em grandes quantidades. Experts sugerem a ingestão diária de 1 a 2 unidades, que é considerada prática e benéfica quando integrada a uma alimentação que promove a saúde intestinal.
Os especialistas em nutrição e dieta, consultados para comentários sobre o estudo, enfatizaram que as castanhas-do-brasil não devem ser vistas como uma solução isolada, mas como parte de um padrão alimentar saudável que pode incluir dietas como a mediterrânea.
