A produção de Combustível Sustentável de Aviação (SAF) no Brasil está prevista para ser direcionada majoritariamente para exportação, conforme avaliação de Ricardo Mussa, CEO da Cosan Investimentos. Durante o AgroForum, realizado pelo BTG Pactual, Mussa afirmou que mercados desenvolvidos, como a Europa, Estados Unidos e Ásia, demandarão o volume que o Brasil pode fornecer. Essa estratégia visa atender às crescentes necessidades internacionais por combustíveis mais sustentáveis, buscando privilegiar regiões que já estão avançando em suas iniciativas de descarbonização.
Uma das cidades brasileiras que se destaca nesse cenário é Paulínia, em São Paulo. De acordo com o executivo, Paulínia reúne uma infraestrutura robusta de etanol, potencialmente reduzindo custos logísticos e atraindo novos investidores para a localidade. “Paulínia é um super lugar”, disse Mussa, destacando sua situação estratégica com o etanolduto e a proximidade com o porto de Santos, que facilitam a exportação.
Mussa também criticou a atual prática de exportação de etanol, que, segundo ele, é transformado em SAF por outros países para posterior venda. Para ele, este processo reduz o valor que poderia ser agregado internamente no Brasil. O CEO destacou a importância do investimento estatal em projetos capazes de fomentar a produção nacional de SAF, enfatizando que tais medidas podem contribuir para uma maior independência econômica e fortalecimento das indústrias locais.
A produção e exportação de SAF possuem uma relevância crescente em meio às metas globais de descarbonização. O setor aéreo – que responde por aproximadamente 3% das emissões globais de gases do efeito estufa – busca alternativas ao uso de querosene. O SAF, por sua vez, proporciona uma significativa redução de até 70% nas emissões poluentes. A Associação Internacional de Transportes Aéreos (Iata) estima que será necessário um fornecimento de mais de 400 bilhões de litros anuais de SAF até 2050 para atender à demanda global.
O Brasil deu um passo importante no cenário regulatório com a aprovação do projeto de lei intitulado Combustível do Futuro pelo Congresso em outubro. A legislação estabelece diretrizes para o desenvolvimento de combustíveis sustentáveis, buscando incentivar projetos de descarbonização, mobilidade sustentável e transição energética. Este movimento é crucial para alinhar as políticas nacionais às práticas sustentáveis e enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas.
Mussa esclareceu que, apesar de sua importância, o custo de produção do SAF refletirá nas tarifas aéreas, uma vez que os consumidores arcarão com parte desses valores. Contudo, ele destacou que a transição para o SAF ocorrerá independentemente destes custos iniciais, ajustando naturalmente a estrutura de preços com o tempo.
Essas perspectivas indicam um futuro promissor para o Brasil no que tange à produção de combustíveis sustentáveis. A posição do país como exportador chave de SAF pode não só fortalecer a economia, mas também promover práticas de sustentabilidade no setor energético global. É um momento de redefinição estratégica, onde políticas robustas e investimentos direcionados podem converter potenciais em resultados tangíveis.